PIB não
mede qualidade de vida, diz economista.
“Quando
você tem apenas cinco grandes bancos, você não tem mercado, tem acordos”, disse
o professor Ladislau Dowbor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
na noite dessa terça feira (5), no programa Espaço Público, da TV Brasil.
Entrevistado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite, Florestan Fernandes Jr. e
Sonia Filgueiras, do Brasil Econômico, ele defendeu que o Banco Central seja
independente do sistema financeiro e não do governo, porque “o governo tem que
ter o controle da politic.
Segundo Dowbor, que se formou em economia na
Suiça e presta consultoria para a Organização das Nações Unidas (ONU), o
sistema financeiro não gera riquezas porque não fomenta a produção, já que seu
ganho principal vem dos juros. Nesse sentido, o Brasil é um pais que oferece
ganhos excepcionais graças ao mecanismo da Selic, a taxa básica de juros. Ele
lembrou que no governo Fernando Henrique Cardoso o Brasil chegou a pagar 47% ao
ano de juros pelos seus títulos.
“Se você considera que o banco usa o dinheiro de
terceiros que nele depositam suas economias em troca de uma remuneração de 8%
ao ano, percebe o tamanho do rendimento que o banco tem, apenas usando o
dinheiro que não é dele”.
O professor lembrou que os juros do cartão de crédito no Brasil chegam a 260% ao ano, enquanto nos Estados Unidos estão em 17% e já são considerados altíssimos.
O professor lembrou que os juros do cartão de crédito no Brasil chegam a 260% ao ano, enquanto nos Estados Unidos estão em 17% e já são considerados altíssimos.
“O banco não é uma coisa ruim, porque promove o
investimento. Na Alemanha, por exemplo, 60% da poupança estão em pequenos
bancos muncipais. Mas aqui no Brasil, o retorno dos bancos é pelo sistema
Selic. Porque o governo retira dos impostos para remunerar os bancos”.
Perguntado sobre o baixo crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB), Ladislau Dowbor respondeu que o que faz a economia crescer
é o bom gasto do dinheiro e que, nesse sentido, as politicas públicas
implantadas na última década foram fundamentais para manter o desenvolvimento
do país, apesar do PIB pequeno. O tamanho do PIB, disse ele, só revela o
montante do dinheiro usado e não a qualidade desse uso. E citou como exemplo o
dinheiro gasto pelos Estados Unidos para recuperar a região do Golfo do México,
afetada pelo vazamento de petróleo, que aumentou o PIB americano naquele ano.
Em contrapartida, destacou que a Pastoral da Criança investe apenas R$ 2 por
criança para combater a desnutrição infantil e isso não contribui para aumentar
o PIB.
“Gastos com catástrofes aumentam o PIB, a
criminalidade aumenta o PIB, porque eleva o consumo de equipamentos de
proteção.”
Dowbor lembrou que outros países, inclusive os
europeus, estão usando indicadores para medir o desenvolvimento que não se
baseiam apenas na quantidade de dinheiro, mas na qualidade de vida que os
gastos proporcionam, “uma espécie de índice de Felicidade Bruta”.
Ele citou também como exemplo os resultados
mostrados no Atlas Brasil 2013, que trabalhou com dados a partir de
1991, em um estudo conjunto da ONU, do Instituto Brasileiro de Geografia
(IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação João Pinheiro:
“Entre 1991 e 2010, o Brasil ganhou nove anos de vida, de esperança de vida
para cada brasileiro. E de 2013 a 2012, o índice foi para 11 anos. Ora, esse é
um salto gigantesco e que só foi obtido pelas políticas públicas, pelo
investimento público que gerou mais educação, uma saúde melhor, uma moradia
melhor, mais alimento. E menos estresse, porque no Brasil ser pobre não é
fácil!”
Por isso, disse o professor, o SUS (Sistema Único
de Saúde) é um bom gasto, o Bolsa Familia é um bom gasto, o Pronaf, que
financia a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos que a gente
consome, é um gasto bom. Ele garante que é por isso que apesar do PÌB
pequeno, o Brasil tem baixo desemprego e o nível de vida da população melhorou.
“Investindo nas pessoas, você passa a transformar
os processos econômicos “, disse. E concluiu: “As políticas sociais melhoram as
atividades econômicas”.
Fonte: NOTÍCIAS
AO MINUTO
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