Roteiro geoturístico busca
preservar herança ambiental.
O primeiro passo para preservar o patrimônio
ambiental é conhecê-lo. Com isso em mente, um grupo de pesquisa do Instituto de
Geociências (IGc) da USP está coordenando um projeto que visa catalogar, explicar
e divulgar o patrimônio geológico do litoral norte de São Paulo.
A professora Maria da Glória Motta Garcia,
coordenadora do projeto Roteiro Geoturístico: Geossítios ao longo da BR-101
participou da concepção da ideia desde o começo e explica que “tudo começou com
um inventário do patrimônio da região. A primeira parte do projeto visava
pesquisar e encontrar os pontos de interesse geológico”, relata. Maria da
Glória conta que, na fase inicial, enviou pesquisadores para as cidades da
região a fim de estudar e conhecer as formações rochosas mais de perto.
Já são cerca de dois anos e meio de pesquisa. A
coordenadora observa que uma das alunas de mestrado que faz parte do projeto
acabou de defender sua dissertação sobre o assunto depois de realizar pesquisas
desde o começo de 2012. “Antes disso, fizemos algumas investidas, mas nada
muito metódico, portanto podemos dizer que para levantar as informações deste
inventário foram necessários mais de dois anos de pesquisa”, detalha Maria da
Glória.
A equipe do Núcleo de Apoio à Pesquisa em
Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas) que participa do projeto do
litoral norte está composta atualmente por três alunas de mestrado e uma de
doutorado, além de uma nova integrante que passará a pesquisar a cidade de
Bertioga. “Nós pretendemos ampliar o projeto para outros locais do litoral de
São Paulo, por enquanto ainda estamos focados no litoral norte, mas novas
investidas já estão sendo feitas”, revela a pesquisadora.
Professora do IGc desde 2005 e uma das responsáveis pela concepção do GeoHereditas, Maria da Glória conta que a intenção inicial era contar a história do litoral. “Todo mundo vai lá frequentar. Olhar as praias e as montanhas, mas ninguém sabe como aquilo se formou. Nosso objetivo era selecionar locais que pudessem nos explicar isso e conseguimos”, comemora.
Com as informações apuradas, o projeto se volta
agora para a elaboração do roteiro. Segundo a professora, o desafio da
doutoranda que faz parte das pesquisas será reunir todas essas informações e fazer
um plano geoturístico. “Esse plano deve envolver, além da geologia, a cultura,
o artesanato, os festivais gastronômicos e a própria história da região para
que nós possamos devolver esse conhecimento para a população”, afirmou a
professora.
Ela conta que a próxima etapa do projeto pretende
levar, além do geoturismo, “propostas de geoconservação para que aquele
patrimônio seja preservado e seja divulgado de maneira sustentável tanto em
razão do turismo quanto em razão das pessoas que moram lá”, conta.
Divulgação e conscientização
Para completar o projeto, além do plano
geoturístico, ainda faltam duas etapas: produzir e instalar os painéis com as
informações coletadas no local e instruir e conscientizar os guias turísticos e
a própria população sobre o patrimônio da região. Esse processo também já está
sendo realizado pela equipe.
A coordenadora conta que a ideia inicial é
instalar dez painéis de divulgação. Esse número é considerado suficiente para
contar a história da região. “Agora nós os estamos montando e desenhando, cada
um com um tipo de assunto, e a próxima fase é ir até as secretarias de turismo
e do meio ambiente das prefeituras para negociar a colocação”, disse Maria da
Glória.
A etapa da instrução dos guias e da comunidade,
por sua vez, já está em andamento há mais tempo. O grupo realiza cursos dentro
do Parque Estadual da Serra do Mar com o objetivo de explicar aspectos
geológicos relevantes para cada local. “O curso é voltado especialmente para os
guias ambientais, mas eles também são abertos para toda comunidade. Nós já
realizamos cursos em São Sebastião, Ilhabela, Boiçucanga, Ubatuba e
Caraguatatuba” conclui.
Fonte: Agência USP
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