Tratamentos de água, artigo de
Roberto Naime.
Os tratamentos de água são necessários para águas
residuárias de sistemas industriais ou para os esgotos coletados nas áreas com
populações. Objetivam devolver características físico-químicas às águas, antes
das mesmas serem dispostas ou retornarem aos sistemas hídricos naturais, superficiais
ou subterrâneos.
Os tratamentos envolvem vários tipos de
processos, desde a remoção física dos poluentes, passando por processos
químicos e podendo ser finalizados por refinamentos biológicos.
Existem tratamentos denominados primários,
secundários e terciários, cada um deles sendo constituído de vários processos
unitários individuais.
Processos unitários é a denominação que se dá
para cada procedimento físico ou químico que integra o elenco de ações que
objetiva dotar o efluente residuário considerado, de condições para retornar ao
fluxo natural das águas sem causar danos e impactos ambientais.
Os denominados tratamentos primários são
constituídos por processos físico químicos, por coagulação e floculação das
águas residuárias e objetivam a remoção de poluentes inorgânicos, materiais
insolúveis, metais pesados, matéria orgânica não-biodegradável, sólidos em
suspensão e outros.
O tratamento físico-químico por
coagulação-floculação difere muito pouco dos sistemas empregados no tratamento
de água bruta para abastecimento público, onde sua concepção básica consiste em
transformar em flocos as impurezas em estado coloidal e as suspensões, para
posteriormente remover estes materiais em decantadores.
A floculação é obtida com coagulantes químicos
como os sais de Alumínio e Ferro, que reagem com a alcalinidade contida ou
adicionada nas águas residuárias para correção do pH muito ácido, formando
hidróxidos que desestabilizam coloides e partículas em suspensão.
Para obtenção de eficiência nos tratamentos, é
necessário escolher os processos de forma adequada.
Os processos físico-químicos são recomendados na
remoção de poluentes inorgânicos, metais pesados, óleos e graxas, sólidos
sedimentáveis e sólidos em suspensão através de processos de
coagulação-floculação e remoção de matérias orgânicas não-biodegradáveis e
sólidos dissolvidos, por precipitação química. A remoção de compostos ocorre
através de oxidação química.
Na remoção de sólidos voláteis, dissolvidos e em
suspensão, o tratamento biológico é mais indicado. Para remover sólidos fixos
dissolvidos, são necessários tratamentos mais avançados como troca iônica,
adsorção em leitos de carvão ativado e outros.
Na escolha do tratamento, a relação entre
Digestão Química de Oxigênio (DQO) e Digestão Biológica de Oxigênio (DBO) é o
parâmetro definidor fundamental:
1) o caso em que a DQO seja o dobro da DBO, é
provável que parte da matéria orgânica seja biodegradável, podendo ser adotados
tratamentos biológicos convencionais;
2) na hipótese do DQO ser muito além do dobro da
DBO (3 ou 4 vezes maior), é provável que grande parte da matéria orgânica não
seja biodegradável e tratamentos químicos podem ser mais adequados; caso haja
presença de celulose, que não é biodegradável, mas não é tóxica, poderá ser
aplicado tratamento biológico.
O procedimento, para avaliar a eficiência dos
processos e orientar a escolha do tratamento adequado, é a execução de ensaios
de floculação (“jar-test”) que são simulações laboratoriais do que realmente
ocorre nas estações de tratamento.
Dr. Roberto
Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia
Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade
Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: EcoDebate
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