Eficiência energética e quebra de
paradigmas.
Existem limitações ambientais que devem ser
consideradas, e a questão energética nos demonstra esta realidade com clareza.
A população do planeta terra superou os 7 bilhões de habitantes. A população
dos Estados Unidos da América oscila em torno de 300 milhões de habitantes.
Dividindo 7 bilhões por 300 milhões encontramos o
número 23,3 ou 24. Ou seja, a população do planeta terra é aproximadamente 24
vezes maior do que a população americana. Logo não é possível que
aproximadamente 4% da população mundial, situada nos Estados Unidos, seja
responsável por mais de 70% dos gastos energéticos do planeta.
Ou que o consumo de energia dos Estados Unidos,
com aparelhos de ar-condicionado seja maior do que o consumo de energia para
todas as finalidades de aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes da China. Este
paradoxo poderia ser facilmente equacionado. Poderia se dizer que o crescimento
econômico e o desenvolvimento futuro equalizariam o consumo energético.
Por isto se discute a questão do aquecimento
global que afeta os países ricos e sua monstruosa poluição de ar e não se
discute o saneamento que afeta os pobres com qualidade de água, falta de
tratamento de esgoto e má gestão de resíduos sólidos…
E é por isto que todas as iniciativas da ONU
acabam sem sucesso, quando se coloca um europeu, diante de um sul-americano e
diante de um africano, sustentabilidade para o europeu é aquecimento global,
para o sul-americano, sustentabilidade são itens operacionais vinculados com
tratamento de água, gestão de resíduos e monitoramento atmosférico e para o
africano sustentabilidade é se preocupar com a próxima refeição.
Nicholas Stern que foi presidente do Banco
Mundial sabia bem disto…e não sei se era americano ou europeu, mas estes dois
continentes tem a mesma percepção de sustentabilidade e Nicholas Stern aprendeu
na prática e muito bem…
Pois bem, esta é a questão. O planeta não
suportaria, nem teria recursos para ampliar em 24 vezes a produção de energia,
por mais alternativas e renováveis que fosse as fontes energéticas por melhor
que fossem os programas de otimização, racionalização e eficiência no uso de
energia por instituições, empresas e consumidores individuais.
Obviamente a questão da eficiência energética tem
importância singular. É preciso tornar a utilização da energia racional e
eficiente ao máximo possível, por parte de todos. E para isto existem
tecnologias e empresas capacitadas e dedicadas ao desenvolvimento de
metodologias apropriadas para a melhoria da eficiência energética.
A eficiência energética pode ser resumida pelo parâmetro conhecido como Razão de Energia Líquida (REL) que relaciona a energia obtida por um processo em função do gasto energético considerado do mesmo processo.
Mas a questão fundamental é a mudança de padrões.
A mudança de paradigma, de uma ou outra forma, talvez precise passar pela
mudança do conceito de bem-estar e felicidade.
Partindo de uma sociedade extremamente
consumista, da qual ninguém questiona a qualidade de vida e o conforto
material, para padrões mais compatíveis com as quantidades de recursos
disponíveis e com critérios mais justos de distribuição das riquezas.
Definitivamente, o planeta Terra não suportaria o
aumento de 24 vezes na produção de energia. O mesmo raciocínio talvez possa ser
estendido para o consumo de várias matérias-primas naturais que servem se base
para transformações industriais importantes.
* Dr. Roberto Naime,
colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do
corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade
Feevale.
Fonte: Mercado
Ético
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