Atropelamento de animais
silvestres em rodovias chega a 450 milhões por ano no Brasil.
por
Instituto de Pesquisas Ecológicas
Fotos: IPÊ/INCAB/Projeto Tatu-Canastra
Especialistas criam a Rede Estrada
Viva para combater o atropelamento de animais silvestres e a perda de
biodiversidade no País. Ações começam por Mato Grosso do Sul.
Os índices de atropelamentos de fauna silvestre nas
rodovias brasileiras são alarmantes e a morte causada pelo choque com veículos
é considerada um dos fatores que impactam diretamente a conservação da
biodiversidade no País. Os atropelamentos atingem 450 milhões de animais
anualmente, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de
Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras. Isso quer dizer que a cada
segundo, 17 animais são mortos vítimas de atropelamentos no Brasil.
Um exemplo dos atropelamentos como ameaça a
espécies acontece no Mato Grosso do Sul. Pesquisadores do IPÊ – Instituto de
Pesquisas Ecológicas, relataram que, de Abril de 2013 a Março de 2014, em
apenas três trechos de rodovias do Mato Grosso do Sul (pouco mais de 1 mil
quilômetros nas BRs 262, 163 e 267), foram encontradas 1124 carcaças de 25
espécies diferentes de animais silvestres de médio e grande porte, como a anta
brasileira, com 36 registros. Nesta pesquisa, a grande vítima desses acidentes
foi o cachorro do mato, com 286 indivíduos mortos (confira lista completa ao
final).
Tais números são extremamente relevantes para
algumas dessas espécies que se encontram ameaçadas de extinção na natureza
(IUCN Red List of Threatened Species e Lista Vermelha Nacional do ICMBIO –
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), como a anta, listada
como Vulnerável à Extinção especialmente por causa de seu ciclo reprodutivo
muito longo (cerca de dois anos). A pesquisa identificou ainda que diariamente
uma ou até duas antas são mortas a cada 1000km de rodovias no Estado.

Rede Estrada Viva
Para combater os atropelamentos de fauna no Estado
do Mato Grosso do Sul, foi criada a Rede Estrada Viva, composta por
profissionais de diferentes áreas e diversas organizações socioambientais. A
Rede vai atuar junto a diversos atores direta ou indiretamente envolvidos com
as tomadas de decisão para a proteção de espécies da fauna nas estradas. De 29
a 30 de Julho, esses profissionais reuniram-se em Campo Grande (MS) para
desenvolver um planejamento estratégico que contempla: compilação de dados já
existentes sobre o tema, comunicação e sensibilização dos mais diversos
públicos para o problema, e sistemas de mitigação dos impactos das estradas na
vida de animais silvestres. Algumas das ações já estão pautadas para serem
implementadas nos próximos meses. A ideia da Rede Estrada Viva é também
divulgar o tema para o Brasil, fazendo com que aumente o interesse por
informações e soluções para o problema dos atropelamentos em todos os Estados.
“O problema não é só com a fauna silvestre, mas com
toda a sociedade. Um atropelamento de espécie de médio a grande porte, por
exemplo, além de afetar o animal, causa perda de vidas humanas. Há também o
dano material que geralmente esses atropelamentos causam. Por essa razão,
medidas mitigatórias são urgentes”, afirma Alex Bager, coordenador do CBEE e um
dos criadores do Urubu Mobile, aplicativo para celular que permite que qualquer
pessoa colabore com a redução da mortalidade de fauna silvestre por
atropelamento.
Dia de Urubuzar
Uma das ações já planejada com o apoio da Rede
Estrada Viva, e que acontecerá no dia 15 de Novembro, é o Dia Nacional
de Urubuzar. A proposta vem do CBEE/UFLA com o objetivo de fazer com que as
pessoas se mobilizem, por meio de qualquer atividade, para lembrar a
importância do tema para a conservação da biodiversidade brasileira. Vale fazer
palestra, distribuir informações sobre o problema dos atropelamentos da fauna
nas estradas, utilizar o aplicativo Urubu, entre outras ações. Quem participar
poderá divulgar as ações no Facebook do evento: www.facebook.com/groups/urubuzar.
* Lista das espécies encontradas nos trechos das BRs 262, 163 e 267 (1.161 km), em MS, durante monitoramento de abril de 2013 a março de 2014:
Fonte: ENVOLVERDE
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