A humanidade caminha para o caos.
Com o passar dos anos se confirma que a raça
humana fez e está fazendo uma grande intervenção na Terra, arruinando a
possibilidade de manter as condições de vida iguais aos últimos 50 anos.
A constatação tem como base os fatos que vêm
sendo divulgados na imprensa e pela comunidade acadêmica, principalmente os
relacionados a oferta de recursos naturais para a nossa sobrevivência. O alarme
não é em vão, é para tirar as pessoas “acomodadas no sofá”.
Para não ficar insistindo no tema mudanças
climáticas, um fato alarmante é a falta de água em São Paulo, algo totalmente
fora das médias. Outro fato é o elevado grau de contaminação em que se encontra
o solo e as águas. No caso das águas, os rios encontram-se mais poluídos e os oceanos
também.
Recentemente, a Nature, revista de grande
importância no meio científico mundial, publicou artigo informando que 300
milhões de chineses estão enfrentando escassez de água para beber. A revista
afirma ainda que “o rápido crescimento econômico da China gerou estragos,
contaminando quase a metade das fontes de água. Os poços e aquíferos, por
exemplo, estão contaminados com fertilizantes, resíduos de praguicidas, metais
pesados como arsênico e manganês provenientes da mineração e a indústria petroquímica,
além dos efluentes domésticos e industriais”.
Essa situação me faz pensar na difícil decisão
que temos de tomar, e o mais cedo possível. Os problemas não são mais para os
nossos filhos. Os problemas são para os que estão vivos hoje e nos próximos
cinco anos.
Além da miséria, fome e carência de assistência
que passam os mais pobres, os da classe média também serão atingidos pela
escassez de água e pela oferta reduzida de alimentos. Os mais ricos, ou melhor,
os 2% mais endinheirados, poderão ter alguma folga. Porém, cedo ou tarde, esse
cenário também vai pertencer ao dia-a-dia deles.
Estamos à beira do caos e da barbárie. Para
alguns mais otimistas, ainda temos como evitar o pior. Depende apenas de uma
“simples” equação: controlar o crescimento da população, reduzir o consumo e
pressão sobre os recursos naturais, acabar com os desperdícios, diminuir a
poluição, eliminar a contaminação de recursos naturais como água, solo e ar, e
dividir mais e melhor as riquezas, visando diminuir as desigualdades.
Na revista EXAME nº 345 de julho deste ano um
estudioso do Canadá, que inspira Bill Gates, ressalta que do jeito que caminha
a humanidade, nossa conta não fecha, ou seja, se consome mais do que o planeta
pode oferecer. E disse ainda que a inovação tecnológica não vai impedir graves
dificuldades para o ser humano, caso, também, não mudemos nossos hábitos de
consumo.
Finalizando, se a maioria mais informada e
instruída, que reside em Rio Branco, não consegue sequer separar os resíduos e
reduzir o desperdício de água e de alimentos em casa, imagina o que teremos
pela frente, considerando os 6 bilhões que habitam o planeta.
* Miguel Scarcello
é secretário geral da Associação SOS Amazônia.
Fonte: SOS Amazônia
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