Pesquisa mostra que empresas
estão dando mais valor à sustentabilidade.
por
Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil
Levantamento com 3.344 executivos de diversos
países destaca que 64% estão racionalizando o uso da energia em suas
companhias, 63% trabalham para reduzir os resíduos e 59% se preocupam com sua
reputação com relação à sustentabilidade.
A sustentabilidade já é um assunto abordado pelo
setor empresarial há um bom tempo, e uma nova pesquisa realizada pela
consultoria McKinsey & Company Global com líderes corporativos afirma que
esse conceito está se tornando uma parte cada vez mais estratégica e integrada
às companhias, apesar de algumas dificuldades em adotar plenamente práticas de
sustentabilidade.
Intitulada Sustainability’s Strategic Worth
(Valor Estratégico da Sustentabilidade), a pesquisa foi realizada com base nas
respostas de 3.344 representantes do setor corporativo de diversas regiões,
indústrias, empresas e especialidades, e revelou que a principal razão pela
qual os executivos buscam a sustentabilidade, com 43% dos votos, é alinhar esse
conceito com suas metas, missões e valores empresariais. Em 2012, última edição
da pesquisa, esse índice era de 30%.
Segundo a consultoria, nas últimas versões do
estudo, a maioria dos respondentes, quando questionados sobre as razões das
companhias para buscar a sustentabilidade, citava o corte de custos e a gestão
da reputação das firmas.
Já na última edição, a gestão de reputação ficou em
segundo lugar como a razão mais popular, citada por 36% dos executivos (em 2012
foram 35%), e o corte de custos ficou com 26%, uma grande redução em comparação
com os 36% de 2012.
“Uma razão para a mudança pode ser os próprios
líderes das companhias acreditarem que a questão é mais importante. Os CEOs
estão duas vezes mais propensos que eram em 2012 a dizer que a sustentabilidade
é sua principal prioridade. Uma parte maior de outros executivos também colocam
a sustentabilidade como um dos três principais itens da agenda de seus CEOs”,
elucidaram Sheila Bonini and Anne-Titia Bové, que desenvolveram a análise da
pesquisa.
O número de CEOs que citaram a sustentabilidade
como principal prioridade quase triplicou para 13% em 2014 com relação aos 5%
de 2012. Contudo, o número de executivos líderes que citaram a sustentabilidade
como uma das três principais prioridades caiu de 37% para 36% no mesmo período.
O número de outros executivos que veem a sustentabilidade como uma das três
principais prioridades aumentou de 24% para 32%.
Desafios
Bonini e Bové afirmaram também que, com a
sustentabilidade aumentando em significância, entender todo o seu valor se
tornou mais desafiador – em parte pelo fato de que, quanto mais as companhias
priorizam a sustentabilidade, mais o conceito precisa ser integrado aos
negócios, o que pode levar a mudanças no sistema produtivo.
Por exemplo, das 13 principais atividades de
sustentabilidade elencadas pela McKinsey, 64% dos executivos disseram estar
reduzindo o uso da energia em suas operações, 63% afirmaram diminuir os
resíduos e 59% declararam gerir sua reputação corporativa em sustentabilidade.
“Essas ações foram citadas mais frequentemente em
2011 e 2012, e uma parcela maior de executivos agora identifica a gestão da
reputação como uma atividade essencial”, observaram as analistas.
Mas outros itens, contudo, apresentaram uma
implementação mais problemática. O relatório cita como exemplo a extensão do
ciclo de vida dos produtos, que ainda deixa a desejar na maioria das empresas.
“Hoje, limitações de recursos estão criando preços
e volatilidade sem precedentes nos mercados de recursos naturais. Ainda assim,
os resultados indicam que a maioria das companhias sequer começaram a
implementar estratégias que estendam a vida de seus produtos e consequentemente
reduzam a dependência de recursos de uma forma significativa”, coloca o texto.
“De acordo com outra pesquisa nossa, há um enorme
potencial de valor na melhor concepção e otimização de produtos para diversos
ciclos de desmontagem e reutilização. Companhias visionárias deveriam começar a
investir nesta integração desses produtos, para o benefício da sociedade e para
seus resultados. Apenas com materiais, as companhias poderiam economizar
possivelmente mais de US$ 1 trilhão por ano”, continua o documento.
Diferentes abordagens para práticas de sucesso
Para identificar práticas de sucesso na
implementação da sustentabilidade como estratégia corporativa, Bonini e Bové
apontaram quatro abordagens distintas para a organização das práticas
sustentáveis: apoio dos líderes, foco em execução, orientação externa e
integração profunda.
“A primeira abordagem é caracterizada por líderes
ativamente engajados nas companhias, incentivos a funcionários e estratégias
claras; a segunda, por uma abordagem clara, responsabilidade e compromisso dos
gestores intermediários; a terceira, pelo uso de ideias externas, redes e
relacionamentos, assim como o compromisso dos gestores intermediários; e a
quarta, pelo incentivo a funcionários para um trabalho sustentável, foco em
talentos e compromisso com a sustentabilidade de todos os níveis de gestão”,
comentaram as analistas.
“Nossos líderes de sustentabilidade estão representados
em cada uma dessas quatro abordagens, confirmando que não há uma única fórmula
para o sucesso em sustentabilidade”, continuaram Bonini e Bové.
As autoras concluíram que, para ir em frente com a
aplicação da sustentabilidade em toda a cadeia de produção, as empresas devem
incluir em suas estratégias três ações: estender o ciclo de vida de seus
produtos; buscar tecnologias que levem à melhoria dos índices de
sustentabilidade; e focar nas estratégias de sustentabilidade que se quer
adotar, como o desenvolvimento econômico ou mudanças de práticas de negócios, e
depois dessa definição, desenvolver a estratégia com não mais de cinco
prioridades claras e bem definidas.
Fonte: CarbonoBrasil
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