Em 16 anos, poluição do ar matará
256 mil.
Nos próximos 16 anos, 256 mil pessoas mortas, 1
milhão de internações e um gasto público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão.
Você certamente associou estes números a uma possível guerra no Oriente Médio
ou no leste europeu, mas, na verdade, eles dizem respeito ao estado de São
Paulo. A causa? A poluição atmosférica, decorrente da concentração de material
particulado no ar.
Os dados são de uma projeção inédita do Instituto
Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP. A estimativa
prevê que ao menos 25% das mortes, ou 59 mil, ocorram na capital paulista. Os
resultados indicam que, no atual cenário, a poluição pode matar até seis vezes
mais do que a aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsito e câncer de
mama.
A população de risco, ou seja, as pessoas que já
sofrem com doenças circulatórias, respiratórias e do coração, serão as mais
afetadas, assim como crianças com menos de 5 anos que têm infecção nas vias
aéreas ou pneumonia.
Entre as causas mais prováveis de mortes
provocadas pela poluição, o câncer poderá ser o responsável por quase 30 mil
casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e outras
doenças respiratórias extremamente agravadas pela poluição podem representar
outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no
período.
Doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina
da USP e uma das autoras da pesquisa, Evangelina Vormittag afirmou ao jornal O
Estado de S.Paulo que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem
como base dados de 2011, comprova a necessidade de o poder público implementar
medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar.
Medidas rigorosas
Nessa lista estão formas alternativas de energia,
incentivo ao transporte não poluente, como bicicleta e ônibus elétrico, redução
do número de carros em circulação e obrigatoriedade de veículos a diesel
utilizarem filtros em seus escapamentos.
O programa de instalação de faixas exclusivas de
ônibus e de ciclovias na capital, desenvolvido pelo prefeito Fernando Haddad
(PT), é indicado como bom exemplo, ainda que os resultados para a saúde pública
não estejam mensurados.
A chave para reduzir os efeitos provocados pelo
material particulado – nome dado ao conjunto de poluentes soltos no ar, como
poeira e fumaça – ainda passa, na análise da professora Evangelina Vormittag,
por uma revisão nos padrões adotados pelo governo brasileiro para medir a
poluição do ar. “O nosso padrão é baixo em relação ao adotado pelos demais
países. É por isso que, constantemente, os índices de qualidade do ar
divulgados pelos órgãos ambientais são considerados bons”, diz.
O triplo
Para efeito de comparação, o padrão diário aceito
pelo Brasil é de 150 microgramas por metro cúbico. Enquanto isso, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estabelece índice máximo de 50 microgramas por metro
cúbico. “É o triplo, uma diferença muito grande, que precisa ser reduzida”,
afirma Evangelina.
Para a pesquisadora, apesar de ousada, a meta de
seguir a recomendação da OMS deve ser almejada. “Temos de estabelecer uma forma
de chegar a esse patamar. Para isso, é necessário estabelecer prazos, divididos
em etapas.”
A mudança está em discussão no Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama). Se adotada, não apenas a capital poderia ser
beneficiada, mas diversas outras cidades em situação crítica no estado. Ao
contrário do que se imagina, São Paulo não lidera o ranking paulista de
poluição atmosférica, segundo levantamento do instituto. O topo da lista é
ocupado por Cubatão, seguida por Osasco, Araçatuba, Guarulhos e Paulínia. A
maior cidade do Brasil aparece na 11.ª posição.
Fonte: EcoD
Nenhum comentário:
Postar um comentário