Degelo na Groenlândia e Antártida
dobra em cinco anos, diz estudo.
Os mapas mostram os resultados dos modelos de
elevação gerados pela equipe alemã.
A redução da área de gelo da Groenlândia e
Antártida, as duas principais capas de gelo do planeta, dobrou desde 2009, de
acordo com um estudo que analisou imagens de um satélite europeu.
O exame dos dados gerados pelo CryoSat indicam que
só a Groenlândia vem perdendo cerca de 375 km cúbicos de gelo por ano.
Somado, o volume de gelo despejado todo ano pelas duas
maiores capas chega a 500 km cúbicos, disse à BBC a pesquisadora Angelika
Humbert, do Instituto Alfred Wegener (IAW), na Alemanha.
“A contribuição das duas capas de gelo à elevação
do nível dos oceanos dobrou desde 2009″, afirmou Humbert. “Para nós, é um
número inacreditável.”
O estudo do instituto, publicado na revista
científica The Cryosphere, não calculou quanto o degelo colabora para a
elevação do nível dos mares. Mas se todo o volume despejado nos oceanos for
considerado como gelo (uma porção pequena seria de neve), a contribuição
poderia ficar na ordem de pouco mais de um milímetro por ano.
Comparações
O satélite CryoSat foi lançado pela Agência
Espacial Europeia em 2010 com um sofisticado instrumento de radar projetado
para medir o formato das camadas de gelo polares.
O satélite CryoSat
O grupo do IAW, coordenado pelo cientista Veit
Helm, estudou pouco mais de dois anos de dados para criar um modelo de elevação
digital (MED) da Groenlândia e da Antártida e avaliar a sua evolução.
O modelo incorpora 14 milhões de medidas de altura
referentes à Groenlândia e outros 200 milhões referentes à Antártida.
Quando comparadas com bases de dados semelhantes
produzidas pela missão IceSat, da agência espacial americana (Nasa) produzidas
entre 2003 e 2009, as medições permitem calcular mudanças no volume de gelo
mais abrangentes que o período observado pelo CryoSat.
Tendências negativas são resultado de degelo,
enquanto tendências positivas são consequência de precipitação ou nevascas.
A Groenlândia vem atravessando o seu momento de
maior redução na elevação, perdendo 375 km cúbicos de gelo por ano, a maior
parte nas costas oeste e sudeste da ilha.
Há um derretimento significativo também na Corrente
de Gelo Nordeste da Groenlândia.
“Esta região é formada por três glaciares. Um
deles, o Zachariae Isstrom, recuou um bocado e já houve registros de perda de
volume. Mas agora vemos que essa perda de volume está se alastrando para áreas
superiores, muito mais para o interior da capa de gelo do que se via antes”,
disse a professora Humbert.
Antártida
Já na Antártida, a perda de volume anual foi
calculada em cerca de 128 km cúbicos por ano.
O mapa mostra as áreas mais atingidas da
Groenlândia.
Como outros estudos já haviam indicado, a maior
parte do degelo se concentra no lado oeste do continente, na área conhecida
como Baía do Mar de Amundsen.
Grandes glaciares da região estão recuando e
perdendo espessura a um ritmo acelerado.
Por outro lado, há ganhos de espessura na camada de
gelo de algumas áreas, como em Dronning Maud Land, onde foram registradas
nevascas colossais. No entanto, o acúmulo nessas áreas não compensa as perdas
nas outras.
Um grupo científico britânico recentemente produziu
o seu próprio MED a partir de um algoritmo diferente aplicado sobre a base de
dados do CryoSat.
O resultado é parecido com o do IAW, e os alemães
aplicaram o mesmo método para a Groenlândia, de maneira que pudessem comparar
as duas capas de gelo.
Quando comparadas, as reduções indicam as mesmas
conclusões da missão americana Grace, que monitora as mudanças nas regiões
polares a partir de dados gerados por um outro tipo de satélite, que observa o
volume de gelo despejado no mar.
Fonte: BBC News / BBC Brasil
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