Municípios brasileiros
decepcionam em ranking de cidades inteligentes.
No índice Cities in Motion, que classifica as
cidades segundo critérios como meio ambiente, mobilidade e planejamento urbano,
municípios brasileiros aparecem nas últimas posições; Tóquio, no Japão, fica em
primeiro lugar.
Morar em uma cidade com bons índices de
governança, gestão pública, coesão social e mobilidade é um sonho de qualquer
cidadão, mas para os habitantes das cidades brasileiras, esse sonho
infelizmente parece longe de se realizar. É o que sugere a nova classificação IESE
Cities in Motion Index (ICIM), que coloca os municípios brasileiros entre
as últimas posições de acordo com aspectos relacionados ao bem-estar humano.
O ranking, da Escola de Negócios IESE, da
Universidade de Navarra, na Espanha, avaliou 135 cidades de todo o mundo entre
2011 e 2013 segundo dez critérios: governança, gestão pública, planejamento
urbano, tecnologia, meio ambiente, projeção internacional, coesão social
(imigração, desenvolvimento de comunidades, cuidado com idosos, eficácia do
sistema de saúde, segurança da população), mobilidade e transporte, capital
humano (capacidade de atrair talentos) e economia.
E os municípios brasileiros não apareceram nada
bem: nenhum dos avaliados – Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza,
Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – ficou sequer na
primeira metade da lista, e seis deles – Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte,
Brasília, Recife e Fortaleza – ficaram entre os dez últimos.
Isso não significa que as cidades tenham se
classificado mal em todos os quesitos: a cidade de Curitiba, por exemplo, que
ficou na 97ª posição no geral, aparece em 27º lugar no critério meio ambiente,
e em 34º em capital humano. Em compensação, ficou na 111ª posição em economia,
e na 105ª em coesão social.
Fortaleza, que em geral ficou em 133 no ranking,
empatou com Curitiba em 27º lugar em meio ambiente, tendo também uma
classificação relativamente boa, 44ª, em governança. Contudo, em aspectos como
coesão social e capital humano, ficou bem abaixo na lista, nos 132º e 116º
lugares, respectivamente.
As cidades foram divididas em quatro grupos: as
desafiadoras, que melhoram em um ritmo elevado e já se encontram na zona
mediana da lista; as vulneráveis, que crescem a um ritmo mais lento e se
encontram na posição média-baixa da classificação; as consolidadas, que estão
em posição média-alta, mas mantém sua posição ou crescem lentamente; e as de
alto potencial, que, apesar de se encontrarem na zona média-baixa do índice,
evoluíram positivamente com grande rapidez nos últimos anos. Neste último estão
as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Bons exemplos
A primeira classificada geral do ranking foi o
município de Tóquio, no Japão. A cidade também obteve os primeiros postos nos
critérios capital humano e gestão pública. O município teve ainda ótimo
desempenho em economia (2º lugar), planificação urbana (6º lugar) e mobilidade
e transporte (6º lugar), e bom em projeção ambiental (12º), governança (14º),
tecnologia (16º) e meio ambiente (20º).
Outra cidade com índices bastante positivos,
embora tenha ficado na parte mediana da lista, é Barcelona, na 51ª posição. O
município possui ótima projeção internacional, ficando em 6º lugar, e ótima
planificação urbana, em 11ª posição. Também apresentou boa performance nos
quesitos meio ambiente, governança, tecnologia e mobilidade e transporte,
ficando em 23º, 25º, 38º e 44º lugar, respectivamente.
Na América Latina, a mais bem classificada foi
Santiago do Chile. A cidade se destaca nas dimensões economia (20ª posição),
gestão pública (19ª posição) e governança (20ª posição), e também em
planificação urbana (28ª posição) e meio ambiente (35ª posição). Ainda assim,
ficou em 83º no ranking geral.
“A cidade perfeita não existe”
Mas apesar de algumas cidades serem bons exemplos
em muitos aspectos, o próprio relatório lembra que “a cidade perfeita não
existe”, e que todas apresentaram falhas em pelo menos um quesito avaliado.
O melhor exemplo é Tóquio, que, embora tenha
garantido o primeiro lugar geral, apresentou valores baixos em coesão social
(125ª posição). A principal causa disso é o efeito que teve o terremoto de
Fukushima e o posterior tsunami, que afetou não apenas o município, mas todo o
país.
O documento também ressalta que não existe um
modelo de sucesso único para a cidade, a exemplo dos primeiros lugares –
Tóquio, Londres e Nova Iorque –, que priorizam coisas diferentes. Além disso, o
ICIM enfatiza que é importante ter em conta o conjunto dos critérios, e não ser
excelente em apenas uma dimensão.
“As mudanças são lentas. Nossa análise temporal
do ICIM nos indica que, em geral, as modificações das posições de uma cidade no
ranking não foram significativas de um ano a outro. Isso se deve, em grande
medida, ao tempo que os projetos de envergadura precisam para tomar forma.
Portanto, se pretendem gerar as mudanças necessárias para se converterem em
cidades inteligentes e sustentáveis, deveriam adotar políticas em longo prazo o
quanto antes, em especial aquelas que estão pior situadas”, conclui a pesquisa.
Fonte: CarbonoBrasil
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