Pará em chamas.
por
Redação do Greenpeace
Queimada em área previamente desmatada, para uso em
pastagem, em região próxima a BR 163. Foto: © Greenpeace/Rodrigo Baleia.
Segundo dados do INPE o Estado apresentou um
aumento de 363% nos focos de incêndio este ano. Em julho o Pará foi responsável
pela maior área desmatada na Amazônia.
Com o início do período de seca na Amazônia, começa
também a “limpeza” das terras, feita antes do plantio de lavouras e pastagens
com o uso de queimadas, que causam enormes impactos ambientais. A prática,
apesar de em alguns casos ser ilegal, é intensificada entre agosto e setembro.
De janeiro a agosto deste ano o número de focos de calor no Brasil já é 93%
maior que o registrado no mesmo período de 2013, segundo dados do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O bioma amazônico concentra o maior número de
focos, com 87,5% do total registrado nos últimos dois dias pelo Inpe. De
janeiro a agosto deste ano, segundo oa instituição, o número de focos de calor
no Pará subiu 363%, comparado ao mesmo período de 2013. A situação é alarmante,
especialmente no entorno da BR 163, nos municípios de Novo Progresso e
Altamira.
“Alguns Estados criaram decretos recentes
aumentando o rigor, mas a realidade mostra uma situação diferente. São milhares
de focos acontecendo. Por trás de todos esses focos, há ação humana, de
propósito ou descuido. Nada disso começa sozinho. Mas se a fiscalização for
mais intensa, se queima menos”, observou o pesquisador Alberto Setzer,
responsável pelo monitoramento de queimadas por satélite no País, em entrevista
à agência Amazônia Real.
“As queimadas destroem a vegetação do local e
liberam dióxido de carbono, gás que contribui com o efeito estufa e
consequentemente com as mudanças climáticas, colocando o Brasil na contramão de
seu compromisso com a redução de emissões de gases do efeito estufa”, explica
Cristiane Mazzetti, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Além de gerarem grande impacto no meio ambiente, as
queimadas tem efeito também no cotidiano das cidades da região, que tiveram
piora na qualidade do ar. Segundo matéria do jornal Folha do Progresso, a
cidade de Novo Progresso, no Pará, “as ruas estão tomadas por poeira e a
sensação é de mal estar, difícil até para respirar. A fumaça com a poeira
torna-se um problema de saúde pública”, relata a reportagem.
Focos de incêndio no Pará
De acordo com análise do Greenpeace, baseada nos
dados levantados pela NASA, Inpe, Ministério do Meio Ambiente (MMA), do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ibama, no Pará, os
focos de calor concentram-se ao longo da BR 163, que liga o norte do Brasil, a
partir de Santarém, ao Sul.
O processo de pavimentação da estrada está quase
concluída, o que a tornará o novo corredor norte de exportação de grãos. Os
focos de incêndio nos arredores da BR-163 são sinais de que a grilagem e a
especulação de terra podem estar aumentando na região, já que as áreas próximas
à estrada pavimentada tendem a ser valorizadas e diminuem o custo de transporte
e de produção.
Infelizmente não são só os incendios que estão
crescendo na região, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que indica tendências
e alertas de desflorestamento, o Pará já havia registrado no mês passado o
maior índice de derrubada de florestas da região, contabilizando 57% do total
desmatado na Amazônia legal.
A região teve, inclusive, áreas fiscalizadas e
embargadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) e que agora estão queimando. “Essas regiões são áreas de
expansão da fronteira agrícola e muitas estão dentro de Unidades de
Conservação, como as Florestas Nacionais do Jamaxim, e de Altamira, e nos
arredores de Terras Indígenas. Outro fato relevante é que as detecções de
desmatamento recentes estão coincidindo com áreas que apresentam focos de
incêndio, o que mostra uma falha no controle de desmatamento”, afirma Mazzetti
O contexto político de flexibilização de leis
ambientais somado aos holofotes voltados às eleições podem ter contribuído para
o aumento dos focos de incêndio na região Amazônica. Não podemos nos esquecer
que em 2012 foi aprovado um novo Código Florestal que anistiou “desmatadores”,
abrindo um precedente que incentiva o crime ambiental e já vimos no final de
2013 um aumento do desmatamento na Amazônia Legal – que vinha diminuindo desde
2004.
Somado a este cenário as inúmeras propostas de
projeto de leis apresentadas pelos ruralistas para a diminuição dos limites das
Unidades de Conservação também torna essas áreas frágeis e alvo de queimadas e
desmatamento na esperança de que um dia abandonem o status de áreas protegidas,
como ficou evidenciado no caso do Pará.
A região sofre, ainda, com a falta de governança e
especulação de terras tendo uma capacidade reduzida dos órgãos responsáveis
pela fiscalização do desmatamento e todos estes fatores contribuem com a
destruição da floresta.
No detalhe, a região centro-sul do Pará, no entorno
da BR 163, vem sendo alvo de queimadas, utilizadas para a preparação do solo
para início do plantio de lavouras e pastagens. Em alguns casos, os focos de
queimada ocorrem dentro ou próximos de Unidades de Conservação e Terras
Indígenas.
Fonte: Greenpeace
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