Pra onde vai o lixo que você
produz?
Foto: shutterstock
Muita gente já separa em casa o lixo seco do lixo
orgânico, mas pouco sabemos que destino têm esses materiais, o quanto de fato é
aproveitado para reciclagem, se é possível aproveitar o lixo orgânico pra
alguma coisa… Enfim, a destinação final do lixo que produzimos é uma das
grandes preocupações de nossas cidades hoje. A maior parte do lixo ainda vai
para aterros sanitários, cada vez mais distantes e com enorme impacto sobre as áreas
onde estão instalados. Afinal, quem quer conviver com um aterro do lado de casa
ou do trabalho?
Para se ter uma ideia, na cidade de São Paulo,
hoje, temos coleta seletiva em 46% dos domicílios, mas menos de 2% do nosso
lixo é de fato reciclado. Ou seja, não adianta ter coleta seletiva se não
reaproveitamos de fato esse material. Com o objetivo de aumentar nossa
capacidade de reciclar, a prefeitura de São Paulo inaugurou, no início deste
mês, a primeira central de triagem mecanizada de resíduos recicláveis da
América Latina, na Ponte Pequena, região do Bom Retiro, com capacidade para
processar até 250 toneladas de lixo reciclável por dia.
Um dos grandes limites para a ampliação da
reciclagem é justamente o acúmulo do material reciclado e a dificuldade de encaminhá-lo
para reuso, por ser muito volumoso. Se ele fica acumulado em grandes
quantidades em centrais de reciclagem, sejam estas de cooperativas de catadores
ou de empresas, isso também limita enormemente o potencial de expansão da
capacidade de reciclar da cidade. Com a mecanização, o lixo separado é prensado
mecanicamente, diminuindo de volume e, assim, podendo ser transportado mais
facilmente.
A receita gerada pela comercialização dos materiais
processados pela central constituirá o Fundo Municipal de Coletiva Seletiva,
Logística Reversa e Inclusão de Catadores. Este fundo viabilizará a contratação
de cooperativas de catadores que atuarão dentro da central – na triagem dos
materiais e na operação das máquinas, por exemplo – e, ainda, permitirá parcerias
com outras cooperativas, que continuarão atuando externamente na coleta
seletiva. A gestão do fundo será feita por um conselho formado por 9
integrantes, sendo três da sociedade civil, três do governo municipal e três
das cooperativas de catadores.
Ao incorporar as cooperativas na implementação
deste novo sistema de coleta seletiva, espera-se melhorar as condições de
trabalho dos catadores e, ainda, aumentar sua remuneração. A partir da
instalação da central, a expectativa é ampliar o percentual de lixo reciclado
em São Paulo para 10% até 2016. Além disso, até esta data, a prefeitura tem
como meta fazer com que a coleta seletiva atinja todos os domicílios da cidade.
Ainda sobre esta questão da destinação do lixo, uma
outra boa notícia recente é o lançamento do projeto Composta São Paulo,
iniciativa da sociedade civil, encampada pela Prefeitura, que distribuirá
inicialmente para dois mil domicílios composteiras domésticas, mais conhecidas
como minhocários. Estas composteiras transformam o lixo orgânico em adubo e
podem ser acondicionadas em quintais, áreas de serviço, garagens e mesmo em
cozinhas.
Essa é uma iniciativa importantíssima se
considerarmos que 51% do lixo produzido em nossas casas são resíduos orgânicos,
ou seja, que não podem ser reciclados e vão direto para os aterros sanitários.
Para participar do projeto e receber a composteira é necessário se cadastrar no
site até o dia 27 de julho: www.compostasaopaulo.eco.br. O projeto prevê também
oficinas de compostagem e plantio.
Aumentando a escala e a cobertura da reciclagem,
abrindo novas frentes de reaproveitamento do lixo, inclusive o orgânico, São
Paulo avança no enfrentamento de um dos maiores desafios ambientais de nossas
cidades.
* Raquel Rolnik é urbanista e professora da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Fonte: Mercado Ético
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