Acordo para pecuária sustentável
é assinado entre MPF e exportadores de carne.
Objetivo é evitar compra de carne bovina de áreas
desmatadas.
A carne brasileira tem, a partir de ontem (24),
um importante reforço para aumentar sua aceitação no mercado internacional. Por
meio de um acordo de cooperação técnica firmado entre o Ministério Público
Federal (MPF) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec), estão sendo criados sistemas e práticas que tornarão mais difícil a comercialização
de carne proveniente de áreas de desmatamento da Amazônia ou que tenham sido
produzidas em meio a irregularidades ambientais e sociais como invasão de
terras públicas e trabalho escravo.
“Empresas do exterior já haviam sinalizado que
deixariam de adquirir os produtos brasileiros [provenientes de áreas
desmatadas]. Este acordo é um marco para a entidade (MPF), para o setor e para
o país”, disse o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, durante a
assinatura do acordo. De acordo com a Abiec, as exportações de carne
totalizaram US$ 6,6 bilhões em 2013 – valor que este ano deve chegar a R$ 8
bilhões.
A Abiec tem 29 entidades associadas que respondem
por 95% das exportações de carne e por 73% do abate sob inspeção federal.
“Tivemos [nas discussões para formatação do acordo] oportunidade de desenvolver
o conceito e a visão comercial de que é possível fazer tudo sem ultrapassar os
limites, tanto do governo como do setor empresarial. E vamos estimular o setor
a se agregar visando à participação de todos na cadeia, facilitando [cada vez
mais] a regularização dos produtores”, acrescentou.
Segundo Camardelli, a Abiec se compromete a criar
centros de atendimento e informações para ajudar produtores a se regularizar e
aderir aos pontos previstos no acordo. Para tanto, montará escritórios em
municípios estratégicos onde sejam identificadas dificuldades para se inserirem
nesse processo. “Isso será feito com a contribuição dos sindicatos e de ONGs
[organizações não governamentais]”, disse ele.
O mercado interno também terá reflexos positivos,
uma vez que, com o acordo, pretende-se regularizar as condições de varejo, já
que os frigoríficos também estarão atentos à origem das carnes comercializadas.
Para o procurador da República Daniel César
Azeredo Avelino, coordenador do grupo de trabalho Amazônia Legal, é possível
que, em um futuro próximo, se crie um selo para certificar as carnes
provenientes de produtores que aderiram a essa prática sustentável de pecuária,
e que foram produzidas sem desmatamento e sem trabalho escravo.
“A pecuária mais sustentável do Brasil está na
Amazônia, segundo ONGs consultadas. Há cinco anos, falávamos que desmatamento
zero era uma utopia. Hoje já estamos próximos disso. Em 2009, o país registrava
12 mil quilômetros quadrados de desmatamento por ano (km²/ano). No ao passado,
o número caiu mais da metade, chegando a 5 mil km²/ano”, disse o procurador.
Fonte: NOTÍCIAS
MPF
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