China e EUA firmam série de
acordos ambientais e energéticos.
Aproximação dos dois países deve facilitar o
estabelecimento de um novo tratado climático internacional; oito novos projetos
de cooperação também foram anunciados, sendo quatro para a captura e
armazenamento de carbono.
A China e os Estados Unidos, como duas das maiores
potências globais, têm uma influência econômica, social e ambiental inegável
sobre boa parte do mundo, e suas ações e decisões – positivas e negativas – são
essenciais para barrar ou levar a diante qualquer resolução de caráter
internacional.
Felizmente, nesta quarta-feira (9), as duas nações
parecem ter dado um passo à frente para facilitar as negociações que devem
culminar em um acordo climático mundial, assinando uma série de pactos para
reduzir as emissões de gases do efeito estufa e possibilitar uma geração
energética mais limpa através do carvão.
Na chamada Rodada de Diálogos Estratégicos e
Econômicos EUA-China, que está na sua sexta edição, os dois países afirmaram
que a partir de agora se centrarão em um “novo modelo de relações bilaterais”,
realizando um intercâmbio de “seus pontos de vista em assuntos regionais e
internacionais de interesse mútuo para aumentar o entendimento, a confiança e
reduzir as diferenças”.
Um dos aspectos que recebeu ênfase na abertura da
rodada de negociações, iniciada nesta quarta-feira, foram as questões
ambientais e energéticas, sobre as quais as duas nações firmaram diversos
acordos.
Em relação às mudanças climáticas, os dois maiores
emissores do mundo anunciaram recursos para oito novos projetos: quatro que
visam capturar e armazenar carbono, e quatro que estabelecem redes de energia
mais eficientes.
Eles também concordaram em adotar padrões mais
rígidos para a eficiência de combustíveis veiculares e emissões de gases do
efeito estufa (GEEs), conduzir um estudo sobre a eficiência e uso de gás em
boilers industriais, e dar passos importantes no lançamento de uma nova
iniciativa sobre mudanças climáticas e florestas, acrescentando mais um setor
significativo à cooperação EUA-China sobre mudanças climáticas: emissões de
GEEs do setor de uso da terra, que somam um quarto das emissões globais.
Por exemplo, em um dos memorandos de entendimento
(MOUs) de energia, o Instituto Huaneng de Pesquisa em Energia Limpa, uma
subsidiária da companhia estatal de energia China Huaneng e o grupo Summit
Power concordaram em compartilhar informações sobre as tecnologias limpas para
geração de energia carbonífera.
Huaneng faz parte de um consórcio chinês que opera
um piloto de 400 MW integrado a uma usina a gás de ciclo combinado em Tianjin.
Sob o acordo, que deve ser firmado nesta quarta-feira em Pequim, Huaneng
compartilhará informações com a Summit Power, que em breve deve iniciar um
projeto similar no Texas depois de assegurar apoio da empresa Petrochina e da
firma chinesa de engenharia Huanqiu Contracting and Engineering.
A Summit, em troca, compartilhará informações e
tecnologias para a recuperação de petróleo com o carbono capturado. “Isso
acelerará o compartilhamento de informações sobre captura e armazenamento de
carbono para energia”, observou Julio Friedmann, secretário adjunto de Carvão
Limpo para o Departamento de Energia dos EUA, à Reuters.
Laura Miller, ex-prefeita de Dallas, que agora
gerencia o Projeto de Energia Limpa do Texas, comentou que a parceria será
benéfica para os dois países. “Estaremos compartilhando anos de experiência em
desenvolvimento e tecnologia em ambos os projetos, tudo ao mesmo tempo em que
damos passos gigantescos para a frente em relação ao meio ambiente mundial”,
declarou Miller em uma entrevista.
Outro projeto cria uma parceria entre a
Universidade da Virgínia Ocidental com a Yanchang Petroleum para a demonstração
industrializada de uma tecnologia ultra-limpa no norte da província de Shaanxi.
Já a Universidade do Kentucky, que fica em um
estado dependente do carvão, fará parceria com o grupo Shanxi Coal International
Energy e a companhia Air Products and Chemicals Inc em um estudo de viabilidade
de projeto para uma usina de energia a carvão de 350 MW que possa capturar dois
milhões de toneladas de CO2 por ano.
Obstáculos
Mas apesar da aliança, os dois países afirmam que
ainda há dificuldades a serem superadas em suas relações. Uma das questões é
justamente o apoio tecnológico necessário às nações em desenvolvimento para a
adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
“Países em desenvolvimento estão muito preocupados
em obter fundos e apoio tecnológico de países desenvolvidos. Nessa questão,
ainda estamos tendo grandes dificuldades e temos que colocar mais esforços”,
disse Xie Zhenhua, vice-presidente da NDRC.
Outro ponto de atrito é em relação às
responsabilidades que cada país deve ter no combate às mudanças climáticas, já
que a China defende que nações desenvolvidas e em desenvolvimento devem ter
encargos diferentes.
Todd Stern, principal negociador climático dos EUA,
afirmou que os norte-americanos não divergem da China de que deve haver uma
diferenciação, mas que usar as antigas definições estabelecidas em 1992 para
isso não é o ideal. “Tive conversas longas e detalhadas sobre esse assunto com
Xie e os outros. Não discordamos sobre o conceito básico.”
Ainda assim, os dois países enfatizaram a
importância dos acordos, inclusive em nível mundial. “Em última análise, a
verdadeira medida de nosso sucesso não será apenas se nossos países crescerão,
mas como nossos países crescerão. E essa é uma área em que avançamos
verdadeiramente, aprofundando nossa relação sobre mudanças climáticas e energia
limpa. Em minha última visita à China, vi com meus próprios olhos o que é
possível quando trabalhamos juntos. Visitamos a usina de motores limpos Joint
Foton-Cummins em Pequim, e vi que não apenas estamos transformando a forma com
que usamos e produzimos energia. Também vimos que estamos criando empregos,
construindo motores limpos e fortalecendo nossas economias”, disse John Kerry,
secretário de Estado dos EUA.
“Passo a passo, estamos mudando nosso foco da
dificuldade de compromisso para a realidade de um futuro com energia limpa. A
solução para as mudanças climáticas é política energética. E energia é o maior
mercado que o mundo já viu. Então compartilhamos uma oportunidade econômica
enorme, estamos olhando para a possibilidade de fornecer empregos para nosso
povo, ter sociedades mais saudáveis, ar mais limpo e mais segurança energética
para um futuro em longo prazo”, continuou.
“O significado de essas duas nações se unirem não
pode ser subestimado. Estamos trabalhando duro para achar uma solução juntos
que possa ter um impacto no resto do mundo”, concluiu Kerry.
Fonte: CarbonoBrasil
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