Trânsito: Brasil é um dos países
mais perigosos do mundo.
A vida fica por um fio – ou por um pedal – nas
estradas do estado de São Paulo, a região mais próspera e populosa do Brasil e
da América do Sul, cuja capital é agora uma concorrida sede da Copa do Mundo.
Na cidade, andar de moto ou a pé pode aumentar
consideravelmente o risco de morrer em um acidente. Nada menos do que 80% das
vias de São Paulo são consideradas de alto risco para motociclistas. O número
cai levemente para 75% para pedestres e 62% para motoristas.
Os dados são de um novo estudo que analisou a metade dos mais de 8 mil
quilômetros de estradas do estado, como parte de um projeto do Banco Mundial
para melhorar a segurança nas rodovias paulistas, que estão entre as mais
inseguras do país.
O fato é que nos países em desenvolvimento – e o
Brasil não é exceção – acontecem 92% das mortes no trânsito do mundo, mesmo com
apenas 53% do total de veículos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em 2012, quase 41 mil brasileiros perderam a vida
nas estradas. O índice de mortalidade ultrapassa casos como os da Índia e da
China, as economias mais populosas do mundo, segundo o especialista em
transporte do Banco Mundial, Eric Lancelot.
“Apesar de haver muitas diferenças regionais, o
Brasil inteiro está experimentando uma epidemia de insegurança”, acrescenta
Paulo Guimarães, assessor do Observatório Nacional de Segurança Viária. Destaca
que, em 2013, 54 mil famílias foram compensadas devido a acidentes.
O governo federal tem como objetivo reduzir em 50% a taxa de mortalidade viária
até 2020. Mas, até agora, ainda há muito o que fazer para que os feriados e
fins de semana não terminem sendo datas trágicas para muitos brasileiros.
Alto risco
O consenso dos especialistas e responsáveis por
políticas públicas aponta para a aplicação conjunta a uma série de respostas
que antes eram feitas em separado: aumentar a segurança dos veículos — como fez
recentemente a Argentina —; fazer cumprir energicamente as leis de trânsito;
investir em educação; e melhorar a infraestrutura.
Outro número preocupante do estudo sobre
segurança viária em São Paulo se refere aos prejuízos econômicos. O estado
perde 14,3 bilhões de dólares por ano — valor equivalente ao PIB da Jamaica —
devido a mortes e lesões em acidentes de trânsito.
Um investimento de 1,14 bilhão de dólares — 0,19%
do PIB do estado — em infraestrutura e segurança poderia evitar 80 mil mortes e
lesões graves em 20 anos, reduzindo a taxa atual de 40%, segundo o estudo.
A ONU comemora a Década de Ação pelo Trânsito Seguro até 2020. Durante esse
período, os países membros se comprometeram a adotar novas medidas para fazer
frente à principal causa de morte entre a população de 15 a 29 anos.
O Brasil tem potencial para se tornar um modelo
global no tema, segundo os especialistas.
“Poderia fazer com a segurança no trânsito o que
fez com os programas sociais como o Bolsa Família: transformar-se em um líder
no tema e um exemplo para outros países em desenvolvimento”, sustenta Boris
Utria, coordenador geral das operações do Banco Mundial no Brasil.
Fonte: ONU Brasil
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