quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pré-COP Social pede por mudança no sistema, não no clima.
A Pré-COP Social de Mudanças Climáticas, encontro que ocorreu pela primeira vez entre os dias 15 e 18 de julho na ilha caribenha de Margarita, pertencente à Venezuela, reuniu movimentos sociais e ONGs por uma maior participação da sociedade civil nos debates sobre as mudanças climáticas, mas teve um objetivo bem diferente das conferências das Nações Unidas: os participantes pediram por uma mudança no sistema político-econômico, e não no clima.

O evento, promovido pela própria ONU, contou com a participação de cerca de 130 grupos ativistas da sociedade civil e especialistas. Com o tema ‘Modificar o sistema, não o clima’, a PreCOP Social buscou promover a formação de um grande movimento global que encoraje a interrupção das ações políticas e econômicas que agravam os efeitos das mudanças climáticas.

A reunião também apoiou o crescimento do papel dos movimentos populares organizados na formação de um mundo multipolar e equilibrado que seja um legado para as gerações futuras, e pediu pela rejeição do conceito de crescimento verde, que encoraja um desenvolvimento através de mecanismos do mercado capitalista.

Segundo alguns dos participantes, esse modelo continuará a perpetuar as desvantagens econômicas dos países em desenvolvimento. Eles também sugeriram que os países ricos deveriam focar em uma forma de transferir fundos e tecnologias sustentáveis para as nações mais pobres.

O evento culminou com a apresentação da ‘Declaração de Margarita sobre as Mudanças Climáticas’, que afirma: “as causas estruturais das mudanças climáticas estão ligadas ao atual sistema capitalista hegemônico. Para combater as mudanças climáticas, é necessário mudar o sistema”.

A Pré-COP Social contou com cinco mesas de trabalho em que foram discutidos os seguintes temas: impacto social das mudanças climáticas; ética climática: responsabilidades diferenciadas e capacidades respectivas; participação social na tomada de decisões; combatendo as mudanças climáticas: ação direta para a transformação; e responsabilidade norte-sul: compromissos do norte para potencializar ações no sul.

Contudo, as opiniões sobre os mecanismos de mercado pró-meio ambiente parecem divididas, já que algumas ONGs declararam, por exemplo, que o REDD, que combate o desmatamento e a degradação florestal, é importante para a redução de emissões.

Já outras ONGs rejeitaram a participação no encontro, afirmando que o governo venezuelano tiraria partido da reunião para fazer propaganda de seu programa político. Além disso, ativistas locais acusaram o governo de hipocrisia em relação às mudanças climáticas, alegando que, embora peça por ações climáticas mais rígidas dos países ricos, não implementa políticas climáticas em sua própria nação.

“A realidade é que, longe de promover a integração de experiências dos grupos ambientais venezuelanos, tem havido ações repetidas do governo nacional contra as ONGs e seus projetos, muitas vezes complicando e mesmo impedindo suas atividades”, escreveram eles em uma declaração conjunta.

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