Pré-COP Social pede por mudança
no sistema, não no clima.
A Pré-COP Social de Mudanças Climáticas, encontro
que ocorreu pela primeira vez entre os dias 15 e 18 de julho na ilha caribenha
de Margarita, pertencente à Venezuela, reuniu movimentos sociais e ONGs por uma
maior participação da sociedade civil nos debates sobre as mudanças climáticas,
mas teve um objetivo bem diferente das conferências das Nações Unidas: os
participantes pediram por uma mudança no sistema político-econômico, e não no
clima.
O evento, promovido pela própria ONU, contou com
a participação de cerca de 130 grupos ativistas da sociedade civil e
especialistas. Com o tema ‘Modificar o sistema, não o clima’, a PreCOP Social
buscou promover a formação de um grande movimento global que encoraje a
interrupção das ações políticas e econômicas que agravam os efeitos das
mudanças climáticas.
A reunião também apoiou o crescimento do papel
dos movimentos populares organizados na formação de um mundo multipolar e
equilibrado que seja um legado para as gerações futuras, e pediu pela rejeição
do conceito de crescimento verde, que encoraja um desenvolvimento através de
mecanismos do mercado capitalista.
Segundo alguns dos participantes, esse modelo
continuará a perpetuar as desvantagens econômicas dos países em
desenvolvimento. Eles também sugeriram que os países ricos deveriam focar em
uma forma de transferir fundos e tecnologias sustentáveis para as nações mais
pobres.
O evento culminou com a apresentação da ‘Declaração de Margarita sobre as Mudanças Climáticas’, que
afirma: “as causas estruturais das mudanças climáticas estão ligadas ao atual
sistema capitalista hegemônico. Para combater as mudanças climáticas, é
necessário mudar o sistema”.
A Pré-COP Social contou com cinco mesas de
trabalho em que foram discutidos os seguintes temas: impacto social das
mudanças climáticas; ética climática: responsabilidades diferenciadas e capacidades
respectivas; participação social na tomada de decisões; combatendo as mudanças
climáticas: ação direta para a transformação; e responsabilidade norte-sul:
compromissos do norte para potencializar ações no sul.
Contudo, as opiniões sobre os mecanismos de
mercado pró-meio ambiente parecem divididas, já que algumas ONGs declararam,
por exemplo, que o REDD, que combate o desmatamento e a degradação florestal, é
importante para a redução de emissões.
Já outras ONGs rejeitaram a participação no
encontro, afirmando que o governo venezuelano tiraria partido da reunião para
fazer propaganda de seu programa político. Além disso, ativistas locais
acusaram o governo de hipocrisia em relação às mudanças climáticas, alegando
que, embora peça por ações climáticas mais rígidas dos países ricos, não
implementa políticas climáticas em sua própria nação.
“A realidade é que, longe de promover a
integração de experiências dos grupos ambientais venezuelanos, tem havido ações
repetidas do governo nacional contra as ONGs e seus projetos, muitas vezes
complicando e mesmo impedindo suas atividades”, escreveram eles em uma declaração conjunta.
Fonte: CarbonoBrasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário