‘O crescimento já é um genocídio
em câmara lenta’
Cerca de 250 cientistas, acadêmicos,
intelectuais, ativistas e políticos, entre eles Ada Colau, Pablo Iglesias ou
Alberto Garzón, assinaram um manifesto para pedir uma “mudança radical” de modelo
diante da crise ecológica e civilizatória em andamento.
A reportagem é de L. Villa e publicada no jornal
espanhol Público, 07-07-2014. A tradução é de André Langer.
Cerca de 250 autores, entre eles Ada Colau, Pablo
Iglesias, Alberto Garzón, Cayo Lara, Joan Herrera, Florent Marcellesi, Juantxo
López de Uralde, Teresa Forcades, Juan Diego Botto ou Yayo Herrero, tornaram
público um manifesto pelo qual pedem de maneira urgente uma mudança de modelo
de consumo diante do provável “colapso civilizatório” que virá no século XXI.
“Atualmente, acumulam-se as notícias que indicam
que a via do crescimento já é um genocídio em câmara lenta. A diminuição na
disponibilidade de energia barata, os cenários catastróficos da mudança
climática e as tensões geopolíticas em torno dos recursos mostram que as
tendências de progresso do passado estão sendo interrompidas”, assinala o texto
intitulado ‘Última chamada’ e que está aberto a novas assinaturas na sua página
na internet.
O texto, promovido por vários grupos sociais, é
um apelo aos novos partidos e organizações que surgiram com o “despertar de
dignidade e democracia que representou o 15M” diante da necessidade de assumir
“mudanças radicais nos modos de vida”.
Escritores, cientistas, jornalistas,
intelectuais, professores universitários, representantes de movimentos sociais,
partidos políticos e sindicatos, reivindicam, sobretudo, que já não servem as
receitas apoiadas sobre o capitalismo keynesiano, nem “os mantras cosméticos do
desenvolvimento sustentável, a mera aposta nas tecnologias ecoeficientes, nem
uma suposta economia verde”.
“Necessitamos de uma sociedade que tenha como
objetivo recuperar o equilíbrio com a biosfera e utilize a pesquisa, a
tecnologia, a cultura, a economia e a política para avançar rumo a esse fim.
Necessitaremos para isso de toda a imaginação política, generosidade moral e
criatividade técnica que conseguirmos desdobrar”, afirmam.
Além disso, recordam que a crise ecológica não é
um tema “parcial” que afete exclusivamente os ecossistemas ou os recursos, mas
que a urgência da mudança está precisamente em que “determina todos os aspectos
da sociedade: alimentação, transporte, indústria, urbanização, conflitos
bélicos… Trata-se, em suma, da base de nossa economia e das nossas vidas”.
“Uma civilização está acabando e devemos
construir outra nova. As consequências de não fazer nada – ou fazer muito pouco
– nos levam diretamente ao colapso social, econômico e ecológico. Mas, se
começarmos hoje, ainda poderemos ser as e os protagonistas de uma sociedade solidária,
democrática e em paz com o planeta”, sentencia.
Fonte: IHU On-line
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