Especialistas traçam os caminhos
mais viáveis para reduzir emissões.
por
Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil
Pesquisadores das 15 nações que mais liberam gases
do efeito estufa entregam à ONU sugestões sobre as melhores maneiras de seus
países contribuírem para manter o aquecimento global em 2ºC.
Diminuir os impactos das mudanças climáticas ao
reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) é uma tarefa difícil, mas
está longe de ser impossível.
“As soluções não são tão complexas quanto achar a
partícula de Higgs, desenvolver o projeto do genoma humano ou colocar o homem
na Lua e o trazer de volta para casa em segurança. O que temos que fazer é
importante, mas não é algo de uma complexidade absurda. Está bem ao nosso
alcance, só não estamos investindo o suficiente ainda”, resumiu Jeffrey Sachs,
diretor da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN).
A SDSN acaba de entregar à ONU o relatório interino
do Projeto sobre Caminhos de
Descarbonização Profunda (Deep Decarbonization Pathways Project –
DDPP), a primeira iniciativa de cooperação global a traçar soluções para
diminuir a liberação de GEEs.
“O DDPP é um esforço para demonstrar como os países
podem contribuir para manter a elevação das temperaturas em, no máximo, 2ºC.
Ações nacionais ambiciosas são críticas para evitar os perigos das mudanças
climáticas. Este relatório mostra como isso é possível”, afirmou Ban Ki-moon,
secretário-geral da ONU.
O relatório é fruto do trabalho de 15 equipes de
pesquisadores, representando as 15 nações que mais emitem GEEs: África do Sul,
Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos,
França, Índia, Indonésia, Japão, México, Reino Unido e Rússia. Nesta versão
preliminar, as informações sobre Alemanha, Brasil e Índia ainda não estão
disponíveis.
De uma forma geral, três pilares norteiam as ações
necessárias em todos os países:
- Aumento da eficiência e da responsabilidade no
consumo de energia;
- Descarbonização do setor elétrico, com
investimentos em fontes renováveis e nuclear e em tecnologias de sequestro de
carbono;
- Desenvolvimento de biocombustíveis, veículos
elétricos, células de hidrogênio e outras tecnologias que reduzam as emissões
do setor de transportes.
Apesar de terem esses três pontos em comum, o
relatório destaca que cada nação apresenta particularidades e demanda
prioridades diferentes.
Por exemplo, na China, altamente industrial e
dependente de carvão, um dos caminhos mais eficientes é a modernização das
fábricas e a implementação de tecnologias de captura e armazenamento de carbono
(CCS).
Já na Indonésia, um país cujas emissões vêm
principalmente do desmatamento e das queimadas, uma melhor gestão do uso da
terra é o ideal. Os pesquisadores apontam que existem áreas degradadas ou
abandonadas de terras que poderiam ser utilizadas para atividades econômicas ou
para o plantio de culturas para biocombustíveis. Isso tiraria a pressão sobre
as florestas.
Por sua vez, os Estados Unidos, nação com uma
classe média com grande poder de renda, as melhores saídas passam pela
criação de políticas de eficiência energética e de padrões para combustíveis.
“Este relatório é sobre ações viáveis. Sucesso será
difícil, as transformações serão enormes, mas é inteiramente possível.
Precisamos trabalhar nesse sentido para a nossa segurança e para as futuras
gerações. Temos que investir em tecnologias de baixo carbono que façam a
diferença”, concluiu Sachs.
Fonte: CarbonoBrasil.
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