Sustentabilidade nos meios
turístico e hoteleiro, artigo de Roberto Naime.
Mais de 700 toneladas de lixo são
retiradas das praias do Rio após o réveillon de 2013. Foto: SRZD |
www.sidneyrezende.com.
O
mundo vive uma crescente conscientização quanto aos temas ambientais, não sendo
mais possível exercer a atividade econômica sem a preocupação com o meio
ambiente. Todos estamos inseridos e usufruindo do meio ambiente e causando
transformações em seus aspectos naturais e sociais que influenciam diretamente
na busca do equilíbrio para a uma boa qualidade de vida num ambiente saudável.
Neste
contexto, está cada vez mais disseminado o conceito de sustentabilidade. O
panorama da sustentabilidade na Europa atual está muito mais vinculada com a
questão da redução das emissões de gases de efeito estufa, que são o CO2
(dióxido de carbono), o CH4 (metano) e outros gases menores, mas aqui no Brasil
a preocupação maior ainda são itens relacionados ainda com a sustentabilidade
das variáveis operacionais.
A
cada momento existe a necessidade de uma participação efetiva na busca pela
qualidade ambiental. A qualidade ambiental se materializa em ações como o
tratamento de esgotos, efluentes e água, na gestão dos resíduos sólidos, no
monitoramento atmosférico, na eficiência energética e na otimização do uso de
recursos hídricos e nos programas de responsabilidade socioambientais. Ainda é
necessário se preocupar com conceitos de ecodesign, quando forem aplicáveis.
Ainda
é necessário investigar e compreender como ocorrem as relações ambientais no
segmento turístico, investigando o nível de consciência coletiva que apresenta.
Fazem
parte do meio turístico, os hóspedes e os colaboradores. É necessário
investigar a percepção ambiental através de práticas de sustentabilidade
existentes e percebidas no ramo hoteleiro.
Os
ambientes turísticos em geral têm períodos de sazonalidade extremados, onde no
verão, é ocupada por turistas vindos dos mais variados pontos, e no inverno
existe uma baixa taxa de ocupação hoteleira. O litoral norte do estado do
Brasil, possui belezas naturais, belas praias e uma localização privilegiada e
atrai turistas de várias cidades, tanto pela facilidade de acesso e proximidade
com grandes centros. Durante o período considerado alta temporada, compreendido
pelos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, o litoral tem sua população
ampliada em várias vezes. O resultado desta explosão habitacional temporária,
sem dúvida recai sobre a possibilidade de uma hospedagem sustentável. A
incapacidade econômica de manter esta estrutura durante a baixa temporada cria
condições de gerar impactos ambientais negativos durante a chamada “alta
temporada”.
Muitos
fatores incentivam o crescimento acelerado do mercado turístico, podemos citar
as influências econômicas e sociais geradas pela globalização, o aumento do
tempo de lazer na medida em que se reduzem as jornadas de trabalho, o aumento
do poder aquisitivo de amplas camadas da população brasileira e a própria
diminuição das fronteiras empresariais. Estes fatores todos fomentam um processo
empresarial competitivo acirrado (Dias 2006).
O
universo turístico está em crescente desenvolvimento e cria uma demanda cada
vez maior sobre os recursos naturais. O mercado turístico e hoteleiro em
especial se preocupa para que esta pressão sobre os recursos naturais não tenha
efeitos sobre o nível de bem-estar dos turistas/hóspedes. A Qualidade Ambiental
na hotelaria faz parte de um contexto maior, e o Turismo precisa avançar em
seus conceitos e práticas.
A
atividade hoteleira é complexa, com intensa circulação de rotatividade de seus
hóspedes, se busca investigar o quanto esta realidade está instrumentalizada
por práticas sustentáveis.
As
atividades hoteleiras ligadas à sustentabilidade ainda limitam-se ao consumo de
energia e materiais, pois, através da otimização destes recursos, o retorno
financeiro, advindo do corte de custos, pode ser percebido pela empresa em um
curto espaço de tempo. Os incentivos oferecidos ao mercado turístico foram
conduzidos de forma a fomentar o fluxo turístico, onde o crescimento econômico
e degradador sobrepuseram o crescimento da consciência e importância de
práticas ambientais para o desenvolvimento do Turismo (Gonçalves, 2004).
Ao
determinar a existência e a valoração das práticas de sustentabilidade, haverão
a criação de ferramentas que contribuem para auxiliar os gestores privados e as
autoridades públicas na definição de instrumentos a serem adotados e políticas
públicas e estratégias privadas a serem formuladas.
DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade.São Paulo: Atlas, 2006.
GONÇALVES, Luiz Cláudio. Gestão Ambiental em meios de
hospedagem. São Paulo: Aleph, 2004 – (série Turismo).
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor
em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em
Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: EcoDebate
Nenhum comentário:
Postar um comentário