Agricultores do Amazonas aprendem sobre produção
orgânica de hortaliças.
A Embrapa Amazônia Ocidental realizou, nesta terça-feira (10/06/2014), a
palestra Cultivo consorciado de hortaliças folhosas sob manejo orgânico. A
apresentação, ministrada pela pesquisadora Marinice Cardoso, foi direcionada a
cerca de 20 agricultores orgânicos e estudantes da zona rural (filhos de
agricultores), que visitaram a Unidade de Observação (UO) sobre consorciação de
hortaliças de folhas, localizada no Campo Experimental do Caldeirão, no
município de Iranduba (AM), local do evento.
Conforme a pesquisadora, a UO vem sendo conduzida
em condições de cultivo protegido na terra firme, com adoção de manejo orgânico
e ênfase no uso de biofertilizantes. A couve-de-folhas, a alface, o coentro e a
cebolinha são as espécies componentes do consórcio. Segundo Marinice, estas
hortaliças são muito cultivadas pelos agricultores familiares e têm elevado
consumo pela população amazonense. “As pesquisas com manejo orgânico de
hortaliças folhosas também procuram atender demanda da Associação de Produtores
Orgânicos do Estado do Amazonas (Apoam) apresentada na reunião técnica
Olericultura no Estado do Amazonas, realizada em 2013”, destacou.
A palestra sobre cultivo consorciado de
hortaliças teve duas partes: a primeira aconteceu no Centro de Treinamento do
Campo Experimental do Caldeirão e a segunda no próprio local da UO instalada.
Durante a palestra, a pesquisadora enfatizou que essas espécies oferecem
alternativa para um desenho de consorciação de grande valor para os
agricultores familiares, por se buscar melhor aproveitamento dos insumos e da
mão-de-obra, geralmente da própria família, em capinas e outros tratos
culturais. “As cultivares utilizadas nesse consórcio foram estudadas em cultivo
solteiro anteriormente na Embrapa Amazônia Ocidental, ou são já de uso corrente
pelos agricultores”, pontuou Marinice.
Hortaliças orgânicas são boas
alternativas para agricultor familiar atingir nicho de mercado mais exigente.
Em relação à alface, duas cultivares participam
do desenho de consorciação: a Regina, que é lisa, e a Solaris, crespa – ambas
com tolerância ao pendoamento precoce (florescimento precoce em condições de
temperaturas elevadas), característica importante, já que o pendoamento precoce
compromete o desempenho da cultura. “Embora exista preferência por alfaces
crespas, existe parcela da população que recebe bem a alface lisa, e esse tipo
de alface poderá ser um diferencial em termos de alface orgânica, além da
cultivar Regina ser muito precoce”, destacou a pesquisadora.
Cultivar
Regina, lisa, é precoce e tem boa aceitação no mercado
Alface Solaris, crespa, agrada
gosto dos consumidores (Foto: Cristiaini Kano/Embrapa)
Além do consórcio, os estudos visam avaliar o
desempenho das cultivares de couve-de-folhas, alface, coentro e cebolinha
submetidas ao manejo orgânico, que é bastante diferente do cultivo
convencional. Segundo a pesquisadora, unidades de produção agrícola familiar
podem explorar melhores nichos de mercado baseados na oferta de produtos “mais
naturais, saudáveis e ecologicamente corretos”, desde que sejam capazes de
garantir, via normas e procedimentos pré-estabelecidos, que a produção mantenha
os atributos de qualidade vendidos ao consumidor.
Pesquisadora Marinice Cardoso
lidera projeto que avalia hortaliças sob manejo orgânico
Toda a temática abordada na palestra constituiu
atividade do projeto Biofertilização em cultivo solteiro e consorciado de
hortaliças sob manejo orgânico em condições de terra firme no Estado do
Amazonas. O projeto, liderado pela pesquisadora Marinice Cardoso, é
desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental com financiamento da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da colaboração de
professores/pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA/Ufam) e do
Programa de Pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), com envolvimento de estudantes nas pesquisas.
Ao final da palestra, a pesquisadora fez
agradecimento especial ao técnico Orlando Ferreira e aos assistentes Luiz
Vieira e Daniel Alves, pela dedicação na condução das atividades de campo,
assim como ao supervisor do Campo Experimental do Caldeirão, Antônio Fernando
Silva, pelo apoio para execução das atividades do projeto e organização do
evento, e à analista Maria da Conceição Campelo, do Laboratório de Solos e
Plantas, pelas análises dos biofertilizantes.
Na foto, técnico Orlando
Ferreira e assistentes de campo Luiz Vieira e Daniel Alves fazem manejo na UO
(Foto: Marinice Cardoso/Embrapa)
Outras espécies
Outras espécies que vêm sendo estudadas pela
equipe de pesquisadores da área de olericultura da Embrapa Amazônia Ocidental,
como parte do projeto, são feijão-de-metro, feijão-vagem e quiabo, pela
pesquisadora Cristiaini Kano; pepino, pelo pesquisador Isaac Cohen; pimentão,
pelo pesquisador Rodrigo Berni; além de validação participativa voluntária do
uso de biofertilizante, pela pesquisadora Joanne Régis da Costa.
Adicionalmente, estudos sobre o controle biológico da traça-das-crucíferas com
Polybia sp vêm sendo conduzidos por Cristiane Krug e Flávia Batista,
pesquisadora e analista, respectivamente, do Laboratório de Entomologia.
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental
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