Lesma invasora europeia chega à
Mata Atlântica de Santa Catarina.
Estudos da Agência Europeia do
Ambiente revelam a existência de 28 espécies invasoras naquele continente,
entre as quais a lesma espanhola, que ameaçam a saúde, a natureza e a economia
da Europa. (ver matéria no final)
Praga está atacando canteiros de
mudas de tabaco e causando grandes prejuízos aos agricultore sem Santa Catarina.
Quando se encontra uma planta ou
animal desconhecido está cada vez mais difícil saber se é uma espécie nativa da
região ou invasora, proveniente de outros países ou de outras regiões do
Brasil. É uma das consequências negativas da globalização.
Geralmente quando é uma espécie
invasora, quer seja do reino animal ou vegetal, significa problema tanto para
os ecossistemas preservados como para a agricultura e pecuária. As espécies
invasoras são apontadas pelos especialistas como a segunda causa de perda de
biodiversidade, só perdendo para o desmatamento.
Recentemente fotografei uma lesma
grande, que pode atingir 13 cm de comprimento, de coloração muito interessante
na estrada, em frente de uma propriedade rural, no entorno da RPPN das
Araucárias Gigantes [ http://www.ra-bugio.org.br/areasprotegidas.php?id=13
], na localidade Linha Cerqueira, Distrito de Itaió, em Itaiópolis (SC). Esta
lesma era desconhecida para mim e fiquei surpreso porque eu nunca tinha visto
antes, apesar de ter nascido e vivido por muitos anos em Itaiópolis, observando
atentamente qualquer ser vivo que encontrasse e uma lesma tão interessante
assim não passaria despercebida.
Enviei as imagens para o
Pesquisador Aisur Ignacio Agudo Padrón, que é especialista neste grupo
de animais invertebrados, dos moluscos, principalmente da fauna catarinense,
seu principal foco de estudos. Estava ansioso pela resposta, imaginando ter
encontrado mais uma raridade da biodiversidade abrigada e protegida naquelas
áreas de Mata Atlântica que estamos preservando.
No entanto, a resposta do Prof.
Ignacio com a identificação da espécie frustrou minha expectativa. Trata-se de
uma lesma exótica invasora, originária da Europa, conhecida como lesma
amarela (Limacus flavus) [ http://www.ra-bugio.org.br/ver_especie.php?id=1774
]. Não se sabe quando chegou ao Brasil, mas nas propriedades rurais do entorno
da RPPN das Araucárias Gigantes, na localidade Linha Cerqueira, em Itaiópolis
(SC), apareceu em 2010, segundo os agricultores.
Esta espécie invasora de lesma tem
causado grandes prejuízos para os agricultores da localidade. Ataca principalmenteos canteiros de mudas de tabaco
cultivadas em hidroponia (sistema floating), ambiente aquático que é propício
para a espécie. Como é uma espécie de hábitos noturnos, os ataques só ocorrem
durante a noite o que dificulta o controle manual. A cada ano a infestação se
intensifica porque cada lesma desta espécie pode depositar até 138 ovos durante
seu ciclo de vida.
Certamente esta lesma chegou ao
Brasil e posteriormente àquela região da mesma forma acidental de tantas outras
pragas: por meio de mudas de plantas ornamentais de jardinagem, plantas em
vasos e mudas frutíferas contaminadas com os ovos e larvas minúsculas.
Conheça alguns moluscos da
biodiversidade de Santa Catarina
Legenda da Imagem: LESMA AMARELA (Limacus flavus),
espécie invasora originária da Europa, encontrada em uma propriedade rural na
localidade Linha Cerqueira, no entorno da RPPN das Araucárias Gigantes. Foto
tirada em 15/01/2014.
Ficha
do bicho
LESMA
AMARELA
Espécie
INVASORA no Brasil. É nativa do Reino Unido e do restante da maior parte da
Europa.
Nome
científico: Limacus flavus (Linnaeus, 1758)
Nome em inglês: yellow slug – tawny garden slug –
Cellar slug
Filo:
Mollusca
Subclasse:
Orthogastropoda
Superordem:
Heterobranchia
Ordem:
Pulmonata
Subordem:
Eupulmonata
Infraordem:
Stylommatophora
Superfamíla:
Limacoidea
Família:
Limacidae
Tamanho:
Pode
atingir o comprimento entre 8 e 13 cm
Reprodução:
Deposita
entre 12 e 32 ovos por desova. Durante o ciclo de vida cada lesma amarela pode
depositar entre 60 e 138 ovos.
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MATÉRIA DE
PORTUGAL sobre Espécies Invasoras
Ciência: Lesma
espanhola ameaça economia europeia
Por Inês Ramos
Publicado: 22.02.2013 | 16:51 (GMT)
Estudos da Agência Europeia do
Ambiente revelam a existência de 28 espécies invasoras, entre as quais a lesma
espanhola, que ameaçam a sáude, a natureza e a economia da Europa.
A Agência Europeia do Ambiente
publicou um estudo
que vai ajudar a controlar os danos causados pelas espécies invasoras com vista
a diminuir impactos na biodiversidade, saúde e economia europeias.
A agência estudou ainda plantas
como a ambrósia gigante, capaz de potenciar alergias como a febre dos fenos. No
total, são 28 as espécies estudadas e incluem insetos como o mosquito tigre,
conhecido por transmitir cerca de 20 doenças diferentes, ou o esquilo-cinzento,
que causa grandes estragos em zonas agrícolas.
O Instituto Camões define o
conceito de espécie exótica como aquela “presente na fauna ou na flora de uma
determinada área geográfica da qual não é originária”. Tratando-se de uma
espécie animal ou vegetal, os impactos são variáveis, desde a morte de árvores
centenárias a desequilíbrios na cadeia alimentar.
Um animal como a lesma espanhola,
de apenas cinco centímetros, é capaz de causar prejuízos na Europa da ordem dos
12 mil milhões de euros no espaço de um ano – atualmente é considerada uma das
espécies mais perigosas para a jardinagem e para a agricultura, afetando em
particular o centro e norte do continente.
Espécies
alienígenas
Há cerca de dez mil espécies
registadas na Europa, algumas das quais foram introduzidas de propósito e
permanecem até hoje em território nacional por fazerem parte do regime
alimentar das populações, como a batata e o tomate. No entanto, nem todas as espécies
alienígenas constituem uma mais-valia para produtores e consumidores – as
chamadas “espécies alienígenas invasivas” criam graves problemas como pestes
para a agricultura e silvicultura, sendo por vezes portadores de doenças. As
espécies invasivas alteram o ecossistema em que habitam e têm impacto das
outras espécies dos ecossistemas.
Hermafrodita, reproduz-se
rapidamente, é mais agressiva do que outras espécies de lesmas e chegou à
Europa há cerca de trinta anos. A maioria das espécies clandestinas é
transportada se forma ocasional pelo mundo inteiro, o que preocupa a Convenção
das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, que as considera uma
verdadeira ameaça à biodiversidade mundial.
A vespa asiática e outras espécies alienígenas
A vespa asiática e outras espécies alienígenas
O turismo intensivo e o comércio
são apontados como causas do aumento de espécies exóticas na Europa. A
tendência tem crescido nos últimos anos e tem sido agravada pelas alterações
climáticas que fazem com que habitats anteriormente desfavoráveis se tornem
aprazíveis.
O estudo da Agência Europeia do
Ambiente é um contributo para a estratégia do controlo da biodiversidade,
ameaçada por inúmeros fatores – atualmente, estão em perigo 110 das 395
espécies originárias do continente, classificadas como estando risco de extinção.
A lesma espanhola representa apenas
mais um exemplo de uma ameaça para biodiversidade da Europa. As atividades
humanas são as precursoras da fixação e reprodução de espécies alienígenas ou
espécies não nativas.
Já a vespa asiática tem trazido uma
série de problemas a agricultores e apicultores. Considerada a maior vespa do
mundo, é uma caçadora implacável, alimentando-se de outros insetos como outras
vespas e louva-a-deus. Incapazes de conviver com as abelhas, as vespas
desertificam colmeias e ameaçam a produção de mel em vários distritos do país,
como é exemplo Viana do Castelo.
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