Desenvolvimento de grãos perenes,
a próxima revolução na agricultura.
Lavouras de grãos perenes, que crescem com
menores quantidades de fertilizantes, herbicidas, combustível e menor erosão do
solo do que os grãos plantados anualmente, poderiam estar disponíveis em duas
décadas, de acordo com estudo [Increased Food and Ecosystem Security via
Perennial Grains] publicado na revista Science.
O desenvolvimento de grãos perenes seria uma das
maiores inovações na história da agricultura, mas ainda depende pesquisas e
investimento nos atuais programas de melhoramento das espécies potencialmente
promissoras.
A questão é delicada e polêmica, em termos de
economia global baseada na exportação de produtos agrícolas e enfrenta
resistências na agroindústria e na indústria agroquímica. Os autores do estudo
destacam que grãos perenes poderiam ampliar a capacidade dos agricultores em
sustentar as bases ecológicas de suas colheitas.
Ao mesmo tempo, poderiam oferecer uma proteção e
um estímulo adicional à plena utilização de terras marginais, em risco de serem
degradadas pela produção anual de grãos.
“As pessoas falam sobre a segurança alimentar”,
diz John Reganold, professor e pesquisador da Washington State University
(WSU). “Isso é apenas metade do problema. Precisamos falar tanto da segurança
alimentar e do ecossistema.”
Os grãos perenes, dizem os autores, têm períodos
de crescimento maiores do que as culturas anuais e suas raízes são mais
profundas, o que permite às plantas tirarem o maior partido da precipitação.
Suas raízes maiores, que podem chegar de 3 a 4 m. de profundidade, reduzem a
erosão, são mais eficientes em relação ao aproveitamento dos nutrientes no
solo, ao mesmo tempo em que tendem a sequestrar maior quantidade de carbono da
atmosfera.
Por serem perenes também exigem menos passagens
de equipamentos agrícolas e menos herbicidas. Em termos comparativos, os grãos
anuais podem desperdiçar cinco vezes mais água que as culturas perenes e 35
vezes mais nitrato, um nutriente importante para as plantas, que pode ‘migrar’,
a partir de campos, para os cursos d’água, contaminando a água potável e
criando “zonas mortas” em águas de superfície.
“O desenvolvimento de versões perenes, de nossa
produção de grãos, resolveria muitas das limitações ambientais das culturas
anuais, ajudando a alimentar um planeta cada vez mais faminto”, diz Reganold.
A pesquisa para o desenvolvimento de grãos
perenes está em curso na Argentina, Austrália, China, Índia, Suécia e Estados
Unidos.
Os autores afirmam, ainda, que as pesquisas em
grãos perenes poderiam ser aceleradas com mais recursos, pesquisadores, terra e
tecnologia em programas de melhoramento. Defendem um esforço de pesquisa
semelhante ao atualmente despendido na base biológica de combustíveis
alternativos.
Increased
Food and Ecosystem Security via Perennial Grains
Science DOI: 10.1126/science.1188761
Science DOI: 10.1126/science.1188761
* Com informações de Eric Sorensen,
Washington State University
Fonte: EcoDebate
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