Nos últimos cinco anos, moradores de favelas e
movimentos sociais do Rio de Janeiro têm travado uma árdua resistência contra
os sofrimentos causados pela preparação da cidade para os megaeventos
esportivos: a Copa que está sendo imposta ao povo esse ano, e as Olimpíadas
previstas para 2016. Os sofrimentos que sempre afligiram as favelas e
caracterizam a sociedade brasileira, extremamente perversa, racista e desigual,
foram ampliados nos últimos anos através de medidas governamentais que buscam
aprofundar a segregação social e espacial a favor da minoria rica a branca, às
custas da maioria pobre, negra e indígena de nosso povo.
Os
investimentos sempre esperados em saneamento, saúde, educação e cultura não
vieram, em compensação, milhões de recursos públicos foram gastos em obras
quase inúteis voltadas para turistas, como os teleféricos do Alemão e da
Providência (que se planeja implantar também na Rocinha). Para piorar, os
mega-eventos e o falso discurso do "risco" foram utilizados para se
colocar novamente em pauta a cruel política de remoções forçadas de favelas,
que tirou a casa de milhares de famílias e ainda ameaça outras tantas. Tudo
feito com truculência, ameaças e desrespeito.
Por outro
lado, outros milhões foram gastos para equipar a polícia mais violenta do mundo
com mais instrumentos de morte e opressão: blindados, helicópteros, fuzis,
bombas, armas menos letais para sufocar os protestos e revoltas. Enquanto na
grande maioria das favelas segue a política de incursões assassinas das
polícias militar e civil, em busca de controlar a divisão de lucros da
criminalidade e manter o povo calado, nas ditas favelas "pacificadas"
a presença permanente da PM ou das forças armadas desenha o quadro de um país
dentro de outro país, ocupado como se fosse território inimigo, onde tudo é
decidido pelo poder militar, uma reedição mais grotesca da ditadura que se
julgava ter ficado para o passado no Brasil há 30 anos.
Mas se há
ataque e opressão, também há resistência e luta! Várias favelas derrotaram,
total ou parcialmente, os planos de remoção da prefeitura. As denúncias, as
revoltas e os protestos têm conseguido levar a julgamento policiais criminosos
numa medida que nunca existiu no Brasil. O fim da Polícia Militar e da política
de militarização e controle brutal sob pretexto de "segurança" tem se
tornado um apelo não só do povo favelado, mas de crescentes setores da
população que percebem que não há futuro para uma sociedade baseada no
apartheid e na submissão pela força de uma parte enorme da população. Os gritos
por um Brasil justo e livre tem crescido nas ruas!
Agora o
Rio está lotado de turistas estrangeiros, imprensa e observadores
internacionais. É a hora de mostrarmos ao mundo nossa dor, mas também nossa
revolta e nossa luta!
Vamos para a rua nos manifestar, porque A FESTA NOS
ESTÁDIOS NÃO VALE AS LÁGRIMAS NAS FAVELAS.
Dias: 23/06 em Copacabana (véspera de 1 ANO DA CHACINA DA MARÉ);
Das 10h às 12h, no Chapéu Mangueira, em frente a Associação de Moradores - Capoeira.
- Roda de funk e rap
- Grafite livre anti-Copa
- Contação de histórias
Às 13h, Concentração no posto 1 Leme, caminhada até o Morro do PavãoPavãzinho/Catangalo.
Mobilize sua favela e seu movimento!
Vem pra rua!!
De: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Assunto: [redecontraviolencia] A FESTA NOS ESTÁDIOS
NÃO VALE AS LÁGRIMAS NAS FAVELAS - Manifestação em Copacabana no próximo dia
23/06 - Mobilize-se!
Data: 21 de junho de 2014 10:33:50 BRT
Para: Rede contra a Violência redecontraviolencia@lists.riseup.net, tribunalpopular@lists.riseup.net
Responder A: redecontraviolencia@lists.riseup.net
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