Ibama participa de estudos
realizados sobre impactos do uso de agrotóxicos nas abelhas.
O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente
participaram, nos dias 03 e 04 de junho, de experimento de monitoramento de abelhas
com uso de microssensores, realizado pelo prof. Dr. Paulo de Souza, da
Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Austrália (CSIRO, sigla em
inglês), com apoio do Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Santa Bárbara do
Pará (PA). Trata-se de pesquisa inédita na Amazônia que faz parte de um estudo
maior desenvolvido por pesquisadores da CSIRO desde setembro de 2013 na
Tasmânia.
Na pesquisa desenvolvida, estão sendo analisados
os efeitos de agrotóxicos neonicotinóides no comportamento das colmeias. Essas
substâncias são suspeitas de causar alterações no comportamento das abelhas. Os
resultados dos estudos são de interesse do Ibama, pois poderão adicionar novas
informações ao processo de reavaliação do uso desses produtos, que está sendo
realizado pelo instituto. Atualmente, os neonicotinoides têm utilização
restrita.
Na Amazônia, a intenção dos pesquisadores é
também analisar possíveis impactos das mudanças climáticas no comportamento das
abelhas. O monitoramento ocorrerá por três meses. Além das abelhas
africanizadas (Apis mellifera), pretende-se instalar os microssensores em
abelhas sem ferrão nativas da Amazônia já que essas espécies são muito
importantes para a polinização na região e são, também, mais sensíveis a
mudanças no ambiente.
O coordenador-geral de Avaliação e Controle de
Substâncias Químicas do Ibama, Márcio Freitas, destaca que as abelhas são
importantes polinizadoras para plantações e cultivo de frutas e flores. Segundo
Márcio, o Ibama iniciou em 2010 os estudos para avaliar a relação do uso de
agrotóxicos e o desaparecimento das colmeias e, a partir de junho de 2012,
foram iniciadas as reavaliações e as restrições aos neonicotinoides.
Segundo o pesquisador brasileiro da CSIRO, Paulo
de Souza, a princípio, os estudos têm demonstrado que há, efetivamente,
alteração no comportamento das abelhas que tiveram contato com os
neonicotinoides. “Ou elas demoram mais para voltar para as colmeias ou não
voltam”, informou o pesquisador.
Na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas
são os principais polinizadores, e vários estudos sobre a ação desses insetos
no meio ambiente evidenciam a contribuição na preservação da vida vegetal e
também na manutenção da variabilidade genética. Quando se trata da produção
agrícola, a diminuição da disponibilidade de polinizadores pode não causar a
extinção por completo da planta, mas impõe sérias limitações na quantidade e na
qualidade dos frutos.
Rodrigo Santori
Ascom/Ibama
Fonte: EcoDebate
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