Criar abelhas em áreas urbanas
está em alta na Alemanha.
Preocupação com o
sumiço desses insetos no campo despertou interesse da população das cidades.
Cerca de 80% das plantas na Alemanha dependem da polinização das abelhas,
afirmam pesquisadores.
A criação de abelhas está na moda. Nos quintais e
varandas de grandes cidades, há cada vez mais pequenos apiários. Para
pesquisadores, a atividade combina com o aumento da consciência ecológica no
mundo.
Como polinizadores, esses insetos também dependem
das plantas e usam o pólen e o néctar das flores como fonte de alimento. Mas
essa vegetação está em falta: em zonas rurais, as abelhas convivem com áreas de
plantio sem flores ou campos sem vegetação. Com a queda da população desses
insetos registrada em estudos científicos, a criação urbana ganhou apelo. É por
isso que as abelhas agora circulam cada vez mais pelas cidades.
O engenheiro aposentado e apicultor amador Jürgen
Hiller cria há quase quatro anos duas colmeias no seu jardim. “Eu tive a sorte
de ser orientado por um apicultor amador com muita experiência que, em casos de
emergências, vem até aqui”. Hiller afirma ter lido muito sobre o assunto e
conquistou, dessa maneira, o conhecimento necessário para essa prática.
Hiller não fez nenhum curso oferecido por
associações de apicultores ou recomendado por especialistas. “Contudo, isso
teria sido, com certeza, útil”, admite. No ano passado, uma de suas colmeias
morreu. “Provavelmente de varroa”, acredita o apicultor amador. Varroa é um
tipo de ácaro que ataca e dizima colônias de abelhas. Pesquisadores e
apicultores profissionais estudam o problema – a luta contra esse parasita
requer conhecimento técnico.
“O apicultor tem a função de proteger e cuidar da
colmeia. Tudo precisa ser feito com base em um determinado plano e no tempo
exato”, reforça Andreé Hamm, pesquisador sobre abelhas da Universidade de Bonn,
na Alemanha.
Abelhas em alta
Para o diretor do Instituto de Apicultura da
Universidade de Hohenheim, Peter Rosenkranz, a forte divulgação na mídia sobre
a morte desses insetos os tornou populares. A razão para essa morte em massa
tem uma natureza complexa. A agricultura intensiva e a urbanização fizeram com
que as áreas com flores desaparecessem. Além disso, o aumento do uso de
pesticidas nas lavouras também leva à morte desses insetos.
O projeto Fit Bee, coordenado pela equipe de
Rosenkranz, procura conciliar a agricultura com a sobrevivência das abelhas.
Devido à atual condição dos insetos, o especialista não se surpreende com o
fato de muitas pessoas optarem pela criação de abelhas.
Mas o apicultor profissional Klaus Maresch é mais
crítico. “Muitas colmeias morrem devido à falta de conhecimentos do apicultor.
Eu não faço nada de bom para as abelhas só as criando”, afirma o especialista.
Para ele, um apicultor precisa ser também uma espécie de veterinário e para
isso é necessário um conhecimento que muitos amadores não possuem.
Maresch cita como exemplo a varroa. Segundo ele,
nenhuma colmeia necessariamente morre ao ser atacada por esse parasita. O
criador precisa aplicar o tratamento profilático correto. Maresch possui 180
colmeias, divididas em 12 locais em Bonn e região. Neste ano, ele quer chegar a
300.
Seu apiário está localizando em um terreno de
sete hectares, em um antigo campo de tiro do exército alemão. O mel produzido é
orgânico e ele também vende cera para velas, balas de mel e hidromel. A
instalação do espaço onde o mel é trabalhado custou a Maresch cerca de 30 mil
euros e segue os padrões para a produção de alimentos.
Proteção à natureza
Apesar do ceticismo do apicultor, para
pesquisadores o interesse popular por abelhas é importante. Por um lado, esses
insetos são indicadores ecológicos, ou seja, quando o meio ambiente adoece,
especialmente se diminui a diversidade de plantas, as abelhas ajudam a indicar
a apontar para o problema.
Por outro lado, sua importância econômica não
deve ser subestimada. “Cerca de 80% das plantas na Alemanha dependem da
polinização das abelhas. Até os animais que comemos são alimentados com essas
plantas. Por isso, as abelhas têm um papel fundamental na nossa alimentação”,
afirma Hamm.
Além das abelhas criadas, existem na Alemanha
cerca de 600 espécies selvagens. Nesse caso, a situação é um pouco pior do que
a das domesticadas. “Abelhas selvagens têm uma desvantagem dupla. Elas dependem
no seu ambiente não somente de recursos de plantas como pólen e néctar, mas
também de locais para fazer suas colmeias”, diz Hamm.
Fonte: Deutsche Welle
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