Os impactos do turismo sobre o
meio antrópico ou socioeconômico, artigo de Roberto Naime.
Mais de 700 toneladas de lixo são
retiradas das praias do Rio após o réveillon. Foto: SRZD | www.sidneyrezende.com
O meio socioeconômico ou a dimensão
antrópica do meio ambiente engloba fatores econômicos, sociais e culturais.
Existem com certeza mais impactos positivos sobre o meio ambiente do que
negativos, embora muitas simplificações imaginem que não seja assim.
O primeiro impacto positivo decorre
da criação de planos e programas de conservação e preservação de áreas
naturais, sítios arqueológicos ou monumentos históricos e arquitetônicos.
Ocorrem em geral algum tipo de investimento em medidas preservacionistas, a fim
de manter a qualidade e a atratividade dos recursos naturais existentes e das
formulações socioculturais.
A própria renda decorrente da
atividade turística proporciona as condições financeiras necessárias para a
implantação de equipamentos de infraestrutura ou outras medidas
preservacionistas. Com frequência os diversos tipos de empresa interessados na
atividade se cotizam e adotam programas comuns de preservação e valorização.
O turismo opera grandes descobertas.
Com frequência certos aspectos naturais em regiões que antes não eram
valorizadas passam a ser em função do interesse turístico.
A atividade turística possibilita a
interação cultural e o aumento da compreensão entre os povos. Na medida que os
usos e costumes das comunidades são conhecidos e compreendidos, a consequência
direta é um avanço no entendimento.
A utilização mais racional dos
espaços e a valorização do convívio direto com a natureza são itens de
relevância e que devem ser ressaltados. A recuperação psicofísica dos
indivíduos, resultante do descanso, das atividades de entretenimento e do
distanciamento temporário do cotidiano profissional e social, encerram os
importantes tópicos de impactos positivos da atividade turística sobre o meio
antrópico.
Os impactos comprometedores ou
negativos do turismo nesta mesma dimensão são bem mais limitados. A existência
de barreiras sociopsicológicas entre as comunidades receptoras e os turistas
certamente é um dos impactos negativos que mais merece atenção.
Muitas vezes, os recursos da
atividade turística circulam de modo restrito, privilegiando a organização do
núcleo receptor, enquanto a população como um todo não é beneficiada pela
atividade, ficando com uma parcela menor dos recursos.
Também ocorre a ocupação e
destruição de áreas naturais, que se tornam urbanizadas ou antropomorfizadas de
uma forma desordenada, gerando poluição por ausência de saneamento básico,
ausência de infraestrutura para tráfego de veículos e até mesmo de pessoas.
Este último item é muito comum nas
praias do litoral brasileiro, desde o sul até o nordeste, onde o uso e ocupação
desordenados do solo produz situações de difícil reparação e danos ambientais
relevantes e muitas vezes irreversíveis.
Todos estes itens devem ser
considerados nas atividades de planejamento e ações de políticas públicas ou
estratégias privadas que projetem melhorias na qualidade ambiental e na
qualidade de vida em geral das populações afetadas.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é
Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e
Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: EcoDebate
Nenhum comentário:
Postar um comentário