Mudanças
climáticas desafiam políticas de combate à fome.
A partir
de agora, as políticas de segurança alimentar na América do Sul e no Caribe
terão de considerar os efeitos na agricultura de prolongados períodos de
escassez de chuvas e do aumento da temperatura. Nesse cenário de mudanças
climáticas e de revisão das ações para a erradicação da fome na região até
2025, representantes de 33 países estão reunidos, até sexta-feira (9), em
Santiago (Chile), para a 33ª Conferência Regional das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO, a sigla em ing
Antes da abertura, nessa terça-feira (7), o
diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, conversou com jornalistas e disse
que as alterações climáticas já causam impacto na agricultura e que a revisão
das metas para 2025 deverá considerar tais mudanças.
“Não é um tema de futuro, senão do presente, e os
impactos são muito maiores do que pensávamos”, acrescentou. Para ele, as
mudanças climáticas afetarão a agricultura econômicamente e isso trará
incertezas.
“Por um tempo, tivemos a ideia de que o mundo
havia se transformado em um supermercado e que podíamos comprar tudo quanto
queríamos. Nós havíamos alcançado a situação do pleno abastecimento, mas agora
a mudança climática reintroduz o tema da incerteza e não sabemos o que vai
acontecer”, ponderou.
Graziano destacou que essa incerteza afetará todo
o comércio, determinará a volatilidade dos preços internacionais e poderá
obrigar os países a assegurar o abastecimento interno com medidas
protecionistas que já haviam sido abandonadas. “Nesse contexto, não
podemos perder de vista o horizonte de erradicar a fome na região”.
Depois de conversar com os jornalistas, Graziano
participou da sessão inaugural, com a presença de representantes dos 32 países.
O Brasil enviou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.
No discurso de abertura, o diretor-geral da FAO
concentrou-se nos êxitos da América Latina e do Caribe – região que se
converteu em exemplo mundial na luta contra a fome e que conseguiu reduzir a
proporção de subalimentação de 15% para 8%. “Desde 1990, o número total de
pessoas desnutridas caiu de 66 milhões para 47 milhões”, comentou.
Graziano fez um chamado para que os países
continuem a priorizar políticas para cumprir a meta de uma América Latina e um
Caribe sem fome até 2025. A meta foi estabelecida em 2006 pelos chefes de
Estado e de governo da região, como iniciativa comum a ser alcançada.
O primeiro objetivo - reduzir a proporção de
desnutrição pela metade até 2015 - foi alcançado por 16 países, mas o desafio
agora é erradicar a fome nos próximos 11 anos.
Durante a sessão, a presidenta do Chile, Michelle
Bachelet, recebeu um reconhecimento da FAO pelo cumprimento da meta de reduzir
a menos da metade o número de pessoas com fome no país. “Reduzimos a
prevalência de desnutrição de 9%, nos anos 90, para menos de 5%, entre 2011 e
2013, estamos orgulhosos desse avanço e conscientes de que devemos nos aplicar
para erradicar esse índice”, disse.
Entre os países que conseguiram reduzir a
desnutrição em 50%, sete chegaram a índices inferiores a 5%. Desse modo, a FAO
considera que a Argentina, Barbados, a Dominica, o Chile, Cuba, o México e a
Venezuela erradicaram a fome.
O Brasil, a Guiana, Honduras, a Nicarágua, o
Panamá, Peru e San Vicente e Granadinas reduziram o índice de subalimentação à
metade.
Fonte: NOTÍCIAS
AO MINUTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário