Chavismo
desmonta acampamentos anti-Maduro e prende 243 estudantes.
Guarda Nacional Bolivariana
avança sobre últimos redutos fixos de protesto contra o governo, sob alegação
de que concentravam drogas e armas.
O Estado
de S. Paulo
(Atualizada às 23h30) CARACAS - A Guarda Nacional
Bolivariana (GNB) da Venezuela avançou na madrugada de quinta-feira, 8, contra
os últimos redutos fixos de protesto contra o governo do presidente Nicolás
Maduro e deteve 243 jovens acampados em quatro pontos de Caracas. Um policial
de 26 anos, identificado como Jorge Tovar, morreu com um tiro. Outros três
ficaram feridos.
Carlos
Garcia Rawlins / Reuters
Acampamento
de manifestantes foi desmontado.
Por volta das 3 horas, centenas de policiais da
GNB desmontaram os acampamentos onde os opositores mantinham uma
"resistência pacífica" havia algumas semanas, como alternativa aos
protestos que deixaram 42 mortos desde fevereiro - incluindo o policial desta
quinta.
"Havia evidência de que destes locais
estavam saindo grupos mais violentos para cometer atos terroristas, incendiar
cabines de metrô, incendiar viaturas da polícia", afirmou o ministro do
Interior e Justiça, Miguel Rodríguez, à televisão estatal. "Foram
apreendidos drogas, armas, explosivos, morteiros e granadas lacrimogêneas. Tudo
isso era utilizado no dia a dia para enfrentar as forças de segurança."
Em mensagem de texto enviada para a agência
Reuters, um dos detidos negou a versão oficial. "Fomos brutalmente
reprimidos. Agora apresentam desculpas como drogas e armas. Faço um pedido de
auxílio ao mundo para que observe esta ditadura", disse Francia Cacique,
de 24 anos, coordenadora de um dos acampamentos.
O governador do Estado de Miranda, Henrique
Capriles, um dos principais nomes da oposição venezuelana, usou sua conta no
Twitter para defender a libertação dos estudantes. "Todos os estudantes
detidos devem ser liberados! O protesto pacífico é um direito garantido pela
Constituição", escreveu. "Todos os dias nosso país amanhece com mais
mortos, mais desaparecidos, mais repressão e mais detidos por protestar. Ao que
estão no poder: já basta!"
Outro nome de peso entre os antichavistas, o
prefeito do Distrito metropolitano de Chacao, César Miguel Rondón, exigiu que
as autoridades "garantissem todos os direitos humanos e o devido processo
legal" aos jovens. O ministro Miguel Rodríguez afirmou que os direitos dos
detidos foram respeitados.
Em entrevista ao jornal El Universal, uma
estudante de pedagogia afirmou temer que o governo criasse provas para
classificar o movimento como terrorista ou paramilitar. "Tememos que
plantem armas ou explosivos para nos culpar", disse Geraldine Molina.
Sanções dos EUA. Para analistas,
a detenção de centenas de estudantes pode dar novo fôlego aos protestos contra
o governo de Maduro. "Em nenhuma parte do mundo agir contra estudantes
será uma medida popular, independentemente da justificativa que exista ou que
seja construída", afirmou o sociólogo e diretor do instituto de pesquisa
Datanálisis, Luis Vicente León.
Nesta quinta, na Comissão de Relações Exteriores
do Senado americano, a subsecretária de Estado dos EUA para América Latina,
Roberta Jacobson, disse que o país estuda o uso de sanções contra a Venezuela e
possíveis medidas serão tomadas quando for a "hora certa", mas esse
momento ainda não chegou.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal
coalizão de oposição do país, disse ser contra sanções dos EUA aplicadas
diretamente contra a Venezuela. / REUTERS, AFP e EFE
Fonte: ESTADÃO/INTERNACIONAL
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