Falta de governança expande
fronteiras do desmatamento no Amazonas.
Publicação lançada pela ONG Idesam traça um
raio-x dos municípios do sul do Estado e mostra o baixo índice de governança
como um dos principais cúmplices do desmatamento
Governança ambiental consiste na capacidade de um
grupo de instituições, sejam públicas ou privadas, em implementar ações
específicas (ambientais) em determinado local. Para medir a governança de um
município é preciso levar em consideração um grande número de fatores, que
envolvem estruturas e processos políticos, econômicos e sociais, o que torna
uma avaliação uma tarefa bastante difícil e subjetiva.
Buscando estabelecer uma forma clara e objetiva
de realizar esse tipo de avaliação, um estudo realizado pelo Idesam (Instituto
de Conservação e Desenvolvimento Sustentável) em 12 municípios do sul do Estado
do Amazonas criou o Índice Consolidado de Estrutura de Governança Ambiental e
Desmatamento. Trata-se de uma matriz que agrega uma série de indicadores e
características dos municípios e, ao final, permite a elaboração de um ranking
onde cada município recebe uma ‘nota’.
A motivação para criar esse sistema de avaliação
veio na necessidade de selecionar os locais melhor preparados para receber
projetos ambientais, voltados para o controle do desmatamento e redução de
emissões (de carbono). “Buscamos entender quais áreas tem maior prioridade e
melhor estrutura de governança para receber uma iniciativa de redução de
emissões”, afirma o pesquisador Gabriel Carrero, coordenador do estudo.
Conforme Carrero, uma estrutura mínima de governo
é fundamental para a consolidação das políticas ambientais e de uso da terra. E
estrutura é geralmente a maior carência dos municípios do interior da Amazônia.
“O IPAAM [Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas], órgão público responsável pelo controle do desmatamento no Estado,
não possui sede própria em nenhum desses municípios”, destaca.
DESCASO – Durante a pesquisa, os pesquisadores
levantaram informações referentes à presença de conselhos municipais,
existência de associações comunitárias e produtivas, a quantidade de áreas sob
algum regime de proteção, presença de órgãos governamentais, entre outros.
Todas essas informações estão compiladas em um
relatório, que será lançado pelo Idesam na próxima sexta-feira (7) e foram
consideradas na avaliação final dos municípios. O que se viu, foi uma notória
ausência do Estado, fator que contribui para o aumento das ocupações em áreas
de floresta e suas consequências, onde exploração ilegal de madeira, desmatamento
e produção extensiva de gado são as mais notáveis.
“Elas contribuem para acelerar a destruição das
florestas e para aumentar os conflitos por terra e a violência no campo contra
populações tradicionais e indígenas”, afirma o pesquisador.
RESULTADOS – A partir da avaliação no Estado do
Amazonas – considerando os 12 municípios participantes do Profloram – os locais
indicados no estudo para viabilidade foram os municípios de Lábrea e Apuí, que
constantemente figuram na lista dos mais desmatadores do Estado.
Com as devidas adaptações, a matriz pode ser
aplicada a outras realidades, sendo uma importante ferramenta na elaboração de
novos projetos ambientais.
PROFLORAM – O Projeto de Prevenção e Combate ao
Desmatamento e Conservação da Floresta Tropical no Estado do Amazonas
(PROFLORAM) é coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – SDS, e tem como objetivo contribuir para o
aumento da efetividade da gestão ambiental e territorial em áreas sob intensa
pressão pelo uso dos recursos naturais. O projeto foi iniciado em 2012 e segue
até o próximo ano.
A área de intervenção do Profloram são as regiões
Sudeste e Baixo Amazonas do Estado, que se encontram na fronteira do arco do
desmatamento e que sofrem elevado grau de antropização e desmatamento,
totalizando 12 municípios: Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré,
Novo Aripuanã, Apuí, Maués, Boa Vista do Ramos, Barreirinha, Parintins e
Nhamundá.
Os doze municípios respondem, atualmente, por
mais de 40% da área desmatada no Amazonas, ao passo que contribuem com apenas
4% do PIB do Estado.
O estudo Análise de mudança de uso da terra e
estrutura de governança ambiental nos municípios do Profloram está
disponível online e pode ser acessado em idesam.org.br/biblioteca
Fonte: Idesam
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