Três anos após a catástrofe nuclear de Fukushima,
Japão decide manter energia nuclear.
Três anos após a catástrofe
nuclear de Fukushima,
governo aprova retomada da energia nuclear, anulando decisão do gabinete
anterior de fechar todas as usinas até 2030.
Segundo o texto do novo plano básico de energia,
aprovado nesta sexta-feira (11/04) em Tóquio, o governo do Japão dará
prosseguimento à “reativação das centrais nucleares” do país, que permanecem
“paradas” em consequência do acidente nuclear provocado por um terremoto
seguido de tsunami, em março de 2011.
A decisão anula os planos do governo anterior, de
eliminar a energia nuclear até 2030, e já era esperada, depois que o
pró-nuclear Partido Liberal Democrata (PLD) chegou ao poder, em dezembro de
2012. No entanto, os deputados do partido do primeiro-ministro Shinzo Abe
demoraram mais do que o previsto para aprovar a medida, por considerar que o
plano inicial era demasiadamente pró-nuclear.
Shinzo Abe assumiu governo japonês no final
de 2012
Após várias revisões, o governo definiu a energia
nuclear como “uma fonte importante, barata no que se refere ao custo
operacional e capaz de gerar eletricidade de forma contínua e estável.” O novo
plano prevê que sejam reativados somente os reatores nucleares que preencham,
segundo o governo em Tóquio, os padrões de segurança mais rígidos do mundo.
Através da ampliação das energias renováveis, o
gabinete de Abe também pretende reduzir a proporção da energia nuclear na
matriz energética japonesa. O novo plano foi aprovado apesar da grande rejeição
popular da energia nuclear num Japão pobre de recursos naturais.
Nova matriz energética
Antes da catástrofe nuclear em Fukushima, em 11
de março de 2011, por volta de um terço da demanda energética japonesa provinha
da energia nuclear. E estava planejado que essa proporção deveria aumentar.
Atualmente, todas as 50 usinas nucleares do país estão desativadas por razões
de segurança e de manutenção.
Para compensar a falta da energia nuclear, foram
ativadas usinas termelétricas, o que fez o Japão importar ainda mais gás
natural, petróleo e carvão. O Japão possui uma dependência energética do
exterior de 90%. O governo também desistiu da meta de reduzir as emissões de
CO2 em 25% abaixo do valor de 1990. O novo plano energético também abriu o
caminho para a construção de novos reatores, dependendo de o abastecimento ser
ou não estável.
Rússia fornece gás natural para o Japão
Tradicionalmente, o partido de Abe sempre esteve
bem próximo da indústria nuclear. Especialistas em Tóquio estimam que, entre as
usinas nucleares existentes, pouco mais de dez deverão ser reativadas. Assim,
futuramente, a matriz energética japonesa será composta da energia nuclear,
como também da energia proveniente de fontes fósseis e renováveis.
Difícil recomeço
Como ainda não se sabe quantos reatores cumprem
os padrões de segurança necessários à reativação, o novo plano energético não
aponta percentagens. Em nota de rodapé, no entanto, está escrito que até 2030 a
proporção da energia renovável deverá ser maior do que o previsto no plano
energético anterior.
Esse plano básico de energia, aprovado em junho
de 2010, dava mais destaque à redução das emissões de CO2, prevendo que o Japão
teria como objetivo aumentar o uso da energia nuclear e da energia renovável em
mais de 50%, até 2020, e por volta de 70% ao longo da década posterior. Segundo
o plano anterior, a energia proveniente de fontes renováveis seria responsável
por 20% da geração de eletricidade em 2030.
Mais da metade dos japoneses é contra a
energia nuclear
O novo plano diz que o país irá “reduzir” o uso
da energia nuclear para o “menor nível possível” através do aumento da
percentagem de energia renovável, mas não indicou nenhuma meta numérica ou
datas. “O governo está recomeçando, anulando a estratégica energética prevista
antes do desastre. É o ponto onde estamos”, afirmou o secretário-chefe do
gabinete de governo japonês, Yoshihide Suga.
Rejeição popular
O novo plano foi aprovado apesar da grande
insatisfação popular frente à energia nuclear após a catástrofe de Fukushima.
De acordo com pesquisas de opinião, mais da metade dos japoneses rejeitam a
energia nuclear. Além das mortes de 18 mil pessoas vítimas do tsunami, mais de
140 mil pessoas não puderam retornar às suas casas devido à radiação em torno
da instalação nuclear avariada.
Nesta sexta-feira, em Tóquio, ambientalistas
criticaram o novo plano energético, afirmando que esse teria como meta socorrer
a indústria nuclear. Hisayo Takada, ativista do Greenpeace, afirmou que “o novo
plano básico de energia do Japão aprovado hoje é um produto do acordo entre o
governo e políticos, e vale tanto quanto um ‘plano básico de apoio econômico’
para as empresas e a indústria nuclear.”
CA/afp/lusa/dpa
Fonte: Deutsche Welle
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