Cientista afirma que mudança
climática afeta várias partes do Brasil.
Declaração é de co-autor do 5º
Relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC). Norte, nordeste e sudeste brasileiro sofrem com secas. Ouça a matéria
da Rádio ONU em português. Felipe Siston, do Rio de Janeiro para a Rádio ONU em português.
À direita, o chefe do Centro de Ciência do Sistema
Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, José Marengo. Foto:
UNIC Rio/Diogo Cysne
Um cientista alertou nesta terça-feira (1) que a
mudança climática afeta várias regiões do Brasil. No nordeste e no sudeste o
problema principal é a seca.
A afirmação foi feita pelo chefe do Centro de Ciência do
Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, José Marengo.
Em evento no Rio de Janeiro, Marengo apresentou um
resumo de 30 páginas que foi produzido para orientar gestores em relação ao
problema ambiental. Ele é co-autor do 5º Relatório
de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).
“O que este relatório está tentando demonstrar
agora é basicamente todas as bases científicas para que sejam consideradas na
próxima conferência das partes que vai ocorrer agora em Lima e no próximo ano
lá em Paris. Esta é a ideia, que toda a ciência que está sendo produzida seja
utilizada pelos políticos. Se os políticos não usam essa ciência, então
realmente a gente está perdendo tempo.”
Participaram também do lançamento especialistas
envolvidos na produção do relatório do IPCC.
Impactos no Brasil
Marengo falou dos impactos sobre o território
brasileiro. Para ele, a dimensão continental do Brasil faz com que o país seja
afetado de diferentes formas.
“Socialmente o nordeste é muito vulnerável,
ecologicamente a Amazônia é uma área muito vulnerável. Na parte hídrica o
sudeste e o nordeste são vulneráveis à escassez de água, com riscos à irrigação
e à geração de energia.
Sobre as áreas costeiras do nordeste e sul do
Brasil, o cientista chamou a atenção para a ocorrência de fenômenos como o
branqueamento de corais, provocado por alterações de temperaturas nos mares.
Com apoio do UNIC Rio, lançamento aconteceu
na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio. Foto: UNIC Rio/Diogo Cysne
Ele também mencionou que os políticos devem estar
preparados, especialmente nas cidades de Santos e do Rio de Janeiro, para os
custos que a elevação do nível do mar pode causar às estruturas portuárias.
“Não existe uma fórmula mágica de adaptação. Se a
Argentina desenvolve toda uma estratégia de agricultura para eles, isso não
pode ser aplicado na Índia ou no Brasil. Cada lugar tem que desenvolver sua
própria estratégia de adaptação territorial. Pode-se falar da adaptação da
agricultura, da adaptação social, da saúde. Isso envolve fatores que não são
climáticos, como a vacinação, como o crédito agropecuário.”
Amazônia
No caso da Amazônia, o cientista explicou que
houve uma mudança de modelo utilizado pelo Painel.
Os cientistas descobriram que o bioma da região é
mais resistente do que se esperava. Os impactos previstos no 4° Relatório do
IPCC foram reavaliados.
Ele disse que “os resultados novos mostram que de
fato a floresta pode ser comprometida, mas não chegaria tão longe a mudar de
vegetação. Não passaria a ser savana, poderia ser talvez uma floresta mais
secundária”.
(Apresentação: Mônica Villela Grayley com
reportagem do UNIC Rio)
Fonte: ONU Brasil
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