Brasil vive um conflito por água
a cada quatro dias.
A construção de barragens, como a da hidrelétrica
de Belo Monte, intensificam conflitos de água no país.
As disputas por recursos hídricos no Brasil
atingiram um novo recorde histórico em 2013, segundo dados preliminares do
levantamento anual feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), obtidos com
exclusividade pela BBC Brasil.
Foram identificados 93 conflitos por água em 19
Estados, o maior desde 2002, quando eles passaram a ser monitorados pelo órgão,
que é ligado à Igreja Católica. Isso representa um conflito hídrico a cada
quatro dias.
No ano passado, houve um aumento de 17% no número
de disputas em relação a 2012. Foi o segundo ano seguido de intensificação dos
conflitos. Em 2012, houve 79 conflitos, um aumento de 16% em relação a 2011.
Apropriação
No ano passado, a Bahia foi o Estado que mais teve disputas deste tipo, num total de 21. Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro, com sete disputas.
O Nordeste foi a região mais conflitante, com 37
casos registrados, seguido pelo Norte do país, com 27 casos.
De acordo com a CPT, muitas destas disputas ocorrem
para evitar a apropriação de recursos hídricos por empresas, como mineradoras e
fazendas, ou para impedir a construção de barragens ou açudes.
“Além da investida na Amazônia, com a construção de
duas grandes hidrelétricas, de Belo Monte e Tapajós, o cerrado e a Mata
Atlântica também têm sofrido com mais conflitos por causa de disputas de
territórios entre comunidades pobres e grandes empresas de mineração e
agricultores”, afirma Isolete Wichinieski, coordenadora nacional do CPT.
Preservação
Muitas das disputas também ocorrem por ações de resistência, em geral coletivas, para garantir a preservação da fonte de água.
“Hoje existe uma maior preocupação em preservar o
meio ambiente, o que também gera mais embates”, afirma Wichinieski.
O relatório completo sobre conflitos hídricos será
divulgado pelo CPT no próximo mês.
Fonte: BBC Brasil
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