Mudanças climáticas aumentam
riscos globais de fome, inundações e conflitos, alerta IPCC.
O mais recente relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – denominado
“Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” – afirmou que
os efeitos das mudanças climáticas, em sua maior parte, ocorrem pela mal
preparação para seus riscos.
O documento alertou que, embora ações possam ser
tomadas, a gestão de impactos do fenômeno será difícil em meio a um planeta
aquecendo rapidamente.
O IPCC, que foi divulgado nesta segunda-feira
(31) em Yokohama, no Japão, detalha os impactos das mudanças climáticas até
agora, os riscos futuros e as oportunidades para medidas eficazes de reduzir
dos riscos. Conclui que a resposta às mudanças climáticas envolvem fazer
escolhas sobre os riscos em um mundo mudando constantemente.
O relatório identifica as pessoas, indústrias e
ecossistemas vulneráveis por todo o mundo e descobre que o risco de uma mudança
climática vem da vulnerabilidade (falta de preparação) e exposição (pessoas ou
bens em perigo) sobreposta aos riscos (acontecimentos ou tendências
climáticas).
Parabenizando as conclusões do IPCC, o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório confirma que os
efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem já estão generalizadas e
consequentes, afetando a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o
abastecimento de água e algumas indústrias.
“Para diminuir esses riscos, a redução
substancial das emissões globais de gases de efeito estufa deve ser feita
juntamente com estratégias e ações para melhorar a preparação contra os
desastres, bem como para reduzir a exposição a eventos causados pelas
alterações climáticas inteligentes”, disse Ban, em um comunicado divulgado por
seu porta-voz em Nova York.
O secretário-geral da ONU estimulou todos os
países a agir com rapidez e ousadia em todos os níveis, para trazer anúncios e
ações ambiciosas para a cúpula do clima, no dia 23 de setembro, e fazer todos
os esforços necessários para chegar a um acordo climático jurídico global até
2015.
O presidente do IPCC, Rajendra K. Pachauri,
considera que os impactos apresentados no relatório e aqueles que estão sendo
projetados para o futuro só confirmam que ninguém ficará imune à mudança
climática.
Uma parte de uma das mais de 200 ilhas de
Palau, uma nação insular no Oceano Pacífico ameaçada pela elevação do nível do
mar. Foto: IRIN/Jaspreet Kindra
O encolhimento de geleiras, migração de espécies,
diminuição da produtividade das culturas, aumento de doenças transmitidas por
vetores e aumento de eventos extremos são alguns dos fatores citados por
Pachauri como evidência da necessidade que a comunidade internacional tem de
fazer escolhas para melhor adaptação e diminuição dos efeitos negativos.
“O mundo tem que levar a sério este relatório,
porque há implicações com a segurança do abastecimento de alimentos, os
impactos de eventos extremos na morbidade e mortalidade, impactos graves e
irreversíveis sobre espécies e um risco de cruzar vários pontos de ruptura por
causa do aumento da temperatura”, disse Pachauri, explicando que esses impactos
também afetam a segurança humana, podendo provocar deslocamento da população em
massa ou aumento de conflitos.
Um total de 309 pessoas, entre eles
coordenadores, autores e editores de revisão de 70 países, foram selecionados
para produzir o relatório. Eles pediram a ajuda de 436 autores e de um total de
1.729 especialistas e colaboradores governamentais.
“Vivemos em uma era artificial de mudança
climática”, disse Vicente Barros, co-presidente do Grupo de Trabalho II. “Em
muitos casos, não estamos preparados para os riscos relacionados com o clima
que já enfrentamos. Os investimentos em uma melhor preparação podem ter
dividendos, tanto para o presente quanto para o futuro.”
Segundo o relatório, as pessoas que são
socialmente, economicamente, culturalmente, politicamente, institucionalmente
ou de alguma outra forma marginalizadas são especialmente vulneráveis às
alterações climáticas e também para algumas respostas de adaptação e diminuição
de risco.
A característica marcante dos impactos observados
é que eles estão acontecendo dos trópicos para os pólos, de pequenas ilhas a
grandes continentes, e dos países mais ricos aos mais pobres.
“A adaptação pode desempenhar um papel
fundamental na redução desses riscos”, afirma Barros. “Ela é muito importante.
O mundo enfrenta uma série de riscos de mudanças climáticas já contidos no
sistema climático, devido às emissões passadas e infraestrutura existente”.
O IPCC foi estabelecido pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma visão científica
clara sobre a mudança do clima e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconômicos. Hoje, possui 195 Estados-membros.
Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e
Vulnerabilidade (sumário).
Fonte: ONU Brasil
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