Especialistas dizem que não há
solução de curto prazo para abastecimento de água em SP.
Sistema Cantareira: Representação Gráfica dos
Reservatórios
Especialistas constataram que não há solução de
curto prazo para o risco de colapso no abastecimento de água em São Paulo.
Autoridades públicas paulistas e do governo federal discutiram o problema da
escassez de água no estado, em audiência pública nesta quinta-feira (3) da
Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos
Deputados.
O intenso calor e a falta de chuvas no primeiro
trimestre do ano provocaram queda inédita nos níveis dos reservatórios de água
abastecidos pela bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em
São Paulo.
O maior reservatório de água do estado, o
Cantareira, abastece quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana e nas
regiões de Piracicaba e Campinas e pode entrar em colapso já no mês de julho,
segundo relatório do Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão (Gtag), criado
para acompanhar a crise.
Na série histórica da pior seca de São Paulo, no
início dos anos 50 (1952/53), a vazão registrada foi 26,53 metros cúbicos por
segundo. De outubro a março a vazão registrada era de 16,4 metros cúbicos por
segundo.
Se houver o colapso, haverá necessidade de usar o
chamado “volume morto” de água, que necessita de bombeamento para ser captado.
O Gtag liberou o aumento da vazão no sistema Cantareira, e hoje alcança pouco
menos do que 25 mil litros de água por segundo.
Rio Paraíba do Sul
Segundo o coordenador do programa Mananciais da
Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Ricardo Guilherme Araújo,
a solução emergencial é a captação de parte das vazões do Rio Paraíba do Sul
para São Paulo para a recuperação dos níveis normais das represas que formam o
sistema Cantareira.
A bacia do Rio Paraíba do Sul, no entanto, é a
principal fonte de captação de água para a região metropolitana do Rio de
Janeiro e de algumas cidades paulistas da região. “É preciso um acerto político
firmado em bases técnicas. Nós acreditamos que, sob o ponto de vista técnico,
essa solução é plenamente justificada e não prejudica ninguém.
A ideia é fazer uma interligação no reservatório
do Jaguari, afluente do Paraíba do Sul, para Atibainha, que faz parte do
sistema Cantareira. Isso daria uma segurança maior.
O assessor da Secretaria de Saneamento e Recursos
Hídricos de São Paulo, Rui Brasil Assis, garantiu que ninguém vai ser
prejudicado. “Essa é uma questão muito polêmica, mas temos convicção que não
prejudica nem o Vale Paulista nem o estado do Rio porque todas as vazões
normatizadas pela ANA deverão ser observadas.”
O diretor da Agência Nacional de Águas (ANA),
Vicente Andreu Guillo, afirmou que em uma situação de crise devem ser
consideradas todas as alternativas que ofereçam segurança à população. Mas
assinalou que o assunto precisa ser negociado à luz dos diversos interesses e
impactos que podem causar.
Guillo apontou a necessidade de reformar a
Constituição no trecho que trata da dominialidade das águas. O texto estabelece
trechos de rio com propriedade federal e estadual, o que dificulta a solução de
forma integrada dos problemas de recursos hídricos, como o caso atual. “Quem
consigue entender. Se pegar o Paraíba do Sul, é um rio federal, o afluente
Jaguari é estadual. Fazer uma transposição do Jaguari, que é estadual, para um
reservatório, que é federal, que dá origem a um rio estadual, pequenininho, que
depois vai formar um rio estado-federal, que é o Atibaia, que depois vai formar
um rio federal, que é o Piracicaba, que depois vai desaguar no rio Tietê, que é
um rio estadual, que depois vai desaguar em um rio federal, que é o Paraná.
Quem entende isso?”
Soluções emergenciais.
Entre as soluções emergenciais já adotadas em São
Paulo está a concessão de bônus aos consumidores que economizarem energia
elétrica. Segundo dados da Secretaria de Recursos Hídricos do estado de São
Paulo, a campanha fez com que 76% dos consumidores paulistas reduzissem o
consumo.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Regina Céli
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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