Agência Nacional de Águas (ANA)
defende medidas restritivas para o Sistema Cantareira.
Cantareira. Foto BBC/Reuters
O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas
(ANA), Vicente Andreu Guillo, defendeu ontem (3) medidas restritivas para o
Sistema Cantareira, pois, segundo ele, não há solução técnica de engenharia
possível no curto prazo para resolver o problema de abastecimento da região
metropolitana de São Paulo e da Bacia do Rio Piracicaba, que abastece a região
de Campinas.
“Os dirigentes [da região] têm que tomar medidas
preventivas, pois são necessárias no curto prazo”, disse Guillo, em audiência
pública na Câmara dos Deputados.
O nível do manancial chegou ontem (03/04) à menor
marca de sua história, com 13,2%% da capacidade total.“Temos que atuar com
cenários restritivos, e a população é mais compreensiva do que os políticos
imaginam. E, quando se toma uma medida restritiva, é no benefício da população.
Temos que usar o volume morto [do sistema] com parcimônia e torcer para que
chova”, completou.
O Cantareira é o maior reservatório de água de
São Paulo e abastece quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana. A
situação atual é a pior desde que o sistema foi criado, na década de 1970.
Guillo defende uma solução negociada entre os
governos de São Paulo e do Rio de Janeiro sobre a proposta paulista de captar
água na Bacia do Rio Paraíba do Sul. A intenção do governo paulista é
interligar um dos rios da bacia ao Sistema Cantareira que, por falta de chuva,
registra os piores níveis dos últimos 40 anos.
“A ANA está fazendo um esforço para colocar à
mesa São Paulo e Rio de Janeiro para fazer essa discussão e buscar uma solução
integrada. A discussão entre São Paulo e Rio de Janeiro, no começo, me pareceu
que tinha mais a ver com voto do que a ver com água. Estamos vivendo um
problema que está inserido dentro de um quadro político-eleitoral”, disse
Guillo.
Para o coordenador do Programa Mananciais, da
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Ricardo Araújo,
a captação de parte [das águas] do Rio Paraíba do Sul é importante para a
recuperação dos reservatórios do Sistema Cantareira.
“Acreditamos que, do ponto de vista técnico, essa
solução é plenamente justificável e não prejudica ninguém. Estamos numa fase em
que precisamos avançar mais nas conversas [entre Rio e São Paulo]. Não acredito
que haja regiões que sejam proprietárias de água. São Paulo tem necessidade
enorme dessa água, sob risco de situações muito mais graves”, alertou Araújo.
Segundo ele, a vazão que atualmente é captada no
Sistema Cantareira é, em tese, de racionamento. “Estamos captando pouco menos
de 25 mil litros de água por segundo. Há um déficit de 6 mil litros por
segundo, que estamos compensando por meio de bônus à população, quando ela
economiza água, e da transferência de outros sistemas de abastecimento de água
de São Paulo para a área de atendimento do Cantareira, particularmente do
Sistema Guarapiranga e do Alto Tietê”, ressaltou.
Araújo ressaltou, porém, que tais medidas ainda
não são suficientes para recuperar o Sistema Cantareira, que continua decaindo.
“Do ponto de vista de curto prazo, para 2014, não há solução. Temos que tentar
manter o abastecimento dentro das restrições. Um aporte novo de água que supere
a falta de chuva anterior é impossível”, afirmou.
De acordo com o deputado Guilherme Campos
(PSD-SP), o racionamento de água para a região afetada já deveria ter começado
em janeiro. “Não vejo outra alternativa para a região no curto prazo que não
seja o racionamento. Hoje, o volume de água reservado no Sistema Cantareira
está em torno de 13%. Há um ano, estava na ordem de 60%”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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