CTNBio aprova liberação de
mosquito transgênico contra dengue.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) aprovou nesta quinta-feira (10), por 16 votos a 1, a liberação
comercial da linhagem OX513A do Aedes aegypti, mosquito geneticamente modificado
para controlar a população do vetor do vírus da dengue e, assim, combater a
doença.
Desenvolvida pela empresa britânica Oxitec, a
tecnologia consiste na inserção de dois genes em mosquitos machos, que, após
serem liberados na natureza, copulam com fêmeas da população original e geram
descendentes que não conseguem chegar à fase adulta. As crias do OX513A também
herdam um marcador que os torna visíveis sob uma luz específica. Segundo a
companhia, isso facilita o monitoramento em campo e assegura o controle dos
insetos.
No Brasil, o projeto ocorre em parceria com a
Universidade de São Paulo (USP) e a organização social Moscamed, por meio de
uma biofábrica na cidade de Juazeiro (BA), onde laboratórios reproduzem e
soltam mosquitos transgênicos desde 2011. Depois de ensaios em campo, a Oxitec
protocolou a solicitação de liberação comercial na CTNBio em julho de 2013. O
OX513A é o primeiro inseto geneticamente modificado a obter essa licença no
país.
Além da liberação comercial, o órgão definiu a
necessidade de monitorar populações selvagens do mosquito Aedes albopictus,
outro vetor do vírus da dengue, devido ao risco de a espécie ocupar o nicho
ecológico deixado pela supressão do Aedes aegypti original. “Toda tecnologia
nova precisa de um acompanhamento constante”, explicou o representante do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) na CTNBio, Ruy Caldas.
Combate
Segundo levantamento recente do Ministério da
Saúde, o Brasil tem 321 cidades em situação de risco e outras 725 em condição
de alerta para epidemia. Em 2013, foram notificados cerca de 1,5 milhão de
casos prováveis de dengue no país. Como ainda não existe vacina efetiva, a ação
mais simples para evitar a contaminação é controlar a população do mosquito.
A coordenadora-geral da secretaria executiva da
CTNBio, Tassiana Fronza, informou que a comissão vai publicar um extrato do
parecer da liberação no Diário Oficial da União e, a partir daí, os órgãos de
registro e fiscalização têm 30 dias para se manifestar. Após esse período, cabe
à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitir autorizações e
registros e fiscalizar os produtos, para que eles possam ser utilizados em
campanhas de saúde pública.
“A CTNBio não avalia eficácia, mas a
biossegurança de produtos destinados à comercialização”, disse Tassiana. “Sendo
assim, os interessados em obter autorização para essa finalidade apresentam os
estudos requeridos pela norma. Com base na análise científica dos dados, o
órgão toma decisões.”
Fonte: MCTI
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