50 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2012. Isto equivale a 10% dos homicídios no mundo.
Manifestação dos movimentos sociais em frente ao
Fórum Cível de Marabá, no Pará, contra os assassinatos. Foto: Mídia Ninja (CC
BY-SA)
O Relatório Global sobre Homicídios 2013, lançado
mundialmente nesta quinta-feira (10), pelo Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime (UNODC), revela que, somente em 2012, foram registrados
50.108 homicídios no Brasil, número equivalente a pouco mais dos 10% dos
assassinatos cometidos em todo o mundo, que foram 437 mil. De acordo com
o documento, o Brasil apresenta estabilidade no registro de homicídios
dolosos, mas o país ainda integra o segundo grupo de países mais violentos do
mundo. O cenário de estabilidade no plano nacional contrasta com as disparidades
no nível subnacional.
As taxas de homicídio declinaram nos estados do Rio
de Janeiro (29%) e São Paulo (11%), mas cresceram no norte e nordeste do País,
com destaque para a Paraíba, que registra um aumento de 150%, e Bahia, que
contabiliza um aumento de 75% no número de homicídios nos últimos dois anos.O
Estado de Pernambuco é uma exceção no Nordeste, com queda de 38.1% na taxa
global de homicídios.
No Brasil, apesar da grande maioria das vítimas de
homicídios serem do sexo masculino (90%), destaca-se no relatório o número
significativo de mulheres que são assassinadas pelos seus parceiros ou
familiares. O relatório conclui que muito precisa ser feito para prover os
Estados de capacidades para efetivamente prevenir, investigar, denunciar e
punir a violência doméstica e todas as formas de violência contra a mulher. A
China, Coreia do Norte e o Japão registram os maiores índice de morte de
mulheres (cerca de 52% das vítimas).
- Acesse
o estudo: http://bit.ly/1edDFcq
- Acesse
o sumário executivo: http://bit.ly/1edDJZL
O abuso de álcool e outras drogas, e a
disponibilidade de armas de fogo, são apontadas no estudo como determinantes
nos padrões e prevalência da violência letal. O relatório destaca que qualquer
política pública na área de prevenção aos homicídios apenas irá funcionar se os
governos conseguirem direcionar estas ações para as vítimas e agressores
potenciais.
Os países com as maiores taxas de homicídio, com
mais de 30 para cada 100 mil habitantes, são Colômbia, Venezuela, Guatemala e
África do Sul. O Brasil (25 homicídios para cada 100 mil habitantes) integra o
rol do segundo grupo de países mais violentos, juntamente com o México, a
Nigéria e o Congo, que registram de 20 a 30 homicídios para cada 100 mil
habitantes.
A América do Sul é a terceira sub-região no mundo
com os maiores índices de homicídio (23 a cada 100 mil/habitantes). Em primeiro
lugar, está o Sudeste da África (com mais de 30 a cada 100 mil/habitantes) e,
em segundo lugar, a América Central (26 a cada 100 mil/habitantes).
Os índices de homicídio na Colômbia estão em
declínio desde 1996, mas ainda registram um patamar elevado. A Venezuela é o
único país da América do Sul que apresenta um aumento significativo nas taxas
de homicídio desde 1995. Os registros de homicídios na Argentina, Chile e
Uruguai estão estabilizados, mas com baixos índices, aproximando-se dos
cenários verificados nos países europeus.
O relatório destaca as Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPS) como uma iniciativa determinante para a redução dos índices
de homicídio em quase 80% no Rio de Janeiro entre 2008 e 2012. Em novembro de
2013, o estudo contabilizou 34 unidades em operação em 226 comunidades,
beneficiando mais de 1,5 milhão de pessoas.
A América é o continente com maior incidência do
uso de armas de fogo no cometimento dos homicídios (66%), seguida da Ásia e
África (28%), Europa (13%) e Oceania (10%).
O continente americano também apresenta uma notável
disparidade entre o total de homicídios cometidos e a condenação dos seus
responsáveis, o que coloca em xeque a eficácia do sistema de justiça criminal
no País. Apenas 24% dos crimes são solucionados. O número do efetivo policial é
analisado de forma diretamente proporcional ao nível de resolução das
investigações dos crimes cometidos. Na América, as mortes em presídios também
são frequentes. As chances de homicídio entre presos é três vezes maior do que
entre a população em geral.
“O UNODC vem trabalhando com o objetivo de oferecer
uma referência mundial para os estudos na área de homicídio, o compartilhamento
de técnicas de análises com especialistas e acordos de cooperação com os
estados para o controle da criminalidade”, afirma Rafael Franzini,
representante do Escritório do UNODC no Brasil e Cone Sul.
O foco do levantamento é o homicídio doloso, com
uma detalhada analise considerando as diversas faces dos homicídios –
relacionados a atividades criminosas, interpessoais ou sociopolíticas – as
armas mais utilizadas nos crimes; a eficácia do sistema criminal de justiça na
resolução dos casos; e as questões conceituais relativas ao homicídio,
violência e conflito.
Saiba mais sobre o relatório em http://bit.ly/Q9j5yZ
Fonte: ONU
BR
Nenhum comentário:
Postar um comentário