Poluição do ar causou 99 mil
mortes em cinco anos só em SP, revela estudo.
Pesquisa foi apresentada em audiência pública na
Câmara dos Deputados.
A poluição do ar foi responsável pela morte de 99
mil pessoas no estado de São Paulo, entre os anos de 2006 e 2011, de acordo com
estudo apresentado nesta quinta-feira (3) em audiência pública da Comissão de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. “É como se
uma cidade de 100 mil pessoas tivesse sido dizimada em apenas cinco anos”, declarou
a pesquisadora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag.
Segundo o levantamento “Mobilidade Urbana e
Poluição do Ar: A Visão da saúde”, realizado pelo instituto em parceira com a
Câmara Municipal de São Paulo, no ano de 2011, mais de 17 mil pessoas morreram
só no estado mais rico do País em decorrência de doenças provocadas pela
inalação de ar poluído, como as cardiovasculares, pulmonares e câncer de
pulmão. “Ainda há uma forte correlação entre a incidência do câncer de mama com
as partículas poluentes”, afirmou a professora.
Vormittag chamou atenção ainda para outros dados
que colocam a poluição como uma das maiores causas de mortes nas grandes
metrópoles: em todo o mundo, a má qualidade do ar está associada a sete milhões
de falecimentos, informou. A especialista afirmou não ver esforços dos governos
para enfrentar esse problema de maneira mais enérgica. “Não é só uma questão de
fiscalização ou uma legislação mais eficiente. Faltam políticas públicas que,
de fato, impactem a redução de poluentes e melhorem a vida das pessoas”,
sustentou.
Ela destacou que, de 2006 a 2011, apenas com
internações decorrentes de doenças respiratórias e cardiovasculares provocadas
pela poluição do ar, os gastos públicos e suplementar privados foram de,
aproximadamente, R$ 246 milhões no estado de São Paulo.
Situação catastrófica
O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção
Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, ressaltou que o quadro é catastrófico e a
qualidade de vida nas grandes metrópoles é cada vez mais adversa. Ele também
cobrou medidas mais efetivas do poder público, como reduzir a quantidade de
enxofre na gasolina; restringir a circulação de veículos em áreas urbanas;
implantar a inspeção veicular em todas as grandes cidades brasileiras;
fiscalizar as frotas mais antigas; entre outras.
Para o dirigente, é necessário mudar o modelo
civilizatório. “O Banco Mundial, por exemplo, repassou 6,5 bilhões de dólares
para projetos que se baseiam em energia suja, e apenas 3,5 bilhões para
iniciativas sustentáveis. O grande fluxo de capital não privilegia a
sustentabilidade”, argumentou o presidente do Proam.
Diminuição de impactos
A coordenadora de Vigilância em Saúde Ambiental
do Ministério da Saúde, Daniela Buosi, disse que o governo federal tem adotado
estratégias para diminuir o impacto da poluição na saúde da população, como o
programa Vigiar. Essa iniciativa busca desenvolver ações que busquem a redução
e prevenção dos agravos à saúde nas populações expostas aos poluentes
atmosféricos.
O Instrumento de Identificação de Municípios de
Risco (IIMR), que faz parte do programa, é um cadastro on-line que estabelece
um ranking dos municípios de alto risco, médio risco ou baixo risco, para uma
intervenção específica. Buosi citou o exemplo do estado de Mato Grosso que
conseguiu reduzir as despesas e as internações no Sistema Único de Saúde (SUS)
provocadas por queimadas. “O governo determinou que o processo de fiscalização
para combate ao incêndio fosse intensificado e conseguiu reduzir os gastos do
SUS com óbito, internação e doenças.”
O deputado Adrian (PMDB-RJ), que solicitou a
audiência pública, afirmou que hoje estamos sofrendo as consequências de
algumas medidas do capitalismo industrial. “O capitalismo não se preocupou com
o meio ambiente, a águas, o ar”, observou o parlamentar. Para ele, é importante
que todos mudem: governos, empresas e a sociedade.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Marcelo Oliveira
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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