ONU defende o abandono de combustíveis fósseis e a
utilização de fontes mais limpas.
ONU pede uma revolução energética contra o
aquecimento climático – O mundo pode alcançar o objetivo de limitar a 2º
celsius o aquecimento antes de 2050 se reduzir entre 40% e 70% suas emissões de
gases de efeito estufa, especialmente no setor energético, afirmou neste
domingo um grupo de especialistas das Nações Unidas. Matéria de Por Mariette Le
Roux, da AFP, no Yahoo Notícias.
Esta revolução energética requer o abandono de
combustíveis fósseis poluentes e a utilização de fontes mais limpas para evitar
o efeito estufa, que poderá provocar um aumento da temperatura do planeta entre
3,7ºC e 4,8ºC antes de 2100, um nível catastrófico, segundo os cientistas.
“Há uma clara mensagem da ciência: para evitar
uma interferência perigosa com o sistema climático, temos que deixar de
continuar operando igual”, explicou Ottmae Edenhofer, copresidente do Painel
Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, que
elaborou o documento.
“Reduzir o consumo de energia nos daria mais
flexibilidade para escolher entre as tecnologias com pouca emissão de carbono,
agora e no futuro”, indica o cientista Ramón Pichs-Madruga, um dos três
copresidentes do grupo.
Para chegar ao objetivo de limitar o aquecimento
a 2ºC antes de 2050 “existem muitos caminhos”, mas “todos requerem investimentos
substanciais”, explicaram os especialistas no relatório.
Centenas de cientistas trabalharam no projeto da
ONU. O IPCC publicou seu primeiro relatório em 2007, provocando um grande
debate mundial.
Em 2011 as emissões de gases do efeito estufa
foram de 430 ppm (partículas de CO2 por milhão), uma concentração considerada
muito elevada.
Para manter esse número em até 450 ppm, seria
preciso reduzir entre 40% e 70% as emissões atuais entre 2010 e 2050, até
zerá-las em 2100.
Mas, mesmo com esse nível, a probabilidade de
limitar a 2ºC o aumento da temperatura seria de 66%. É necessário, além de
diminuir as emissões, “triplicar ou quase quadruplicar” o uso de fontes
energéticas limpas ou nucleares.
Mudança em grande escala
Todas essas medidas supõem uma “mudança mundial
em grande escala no setor de abastecimento energético”, e implicariam diminuir
em 0,06% o consumo energético global.
A queda no consumo e na emissão de gases ainda
teria consequências positivas para a saúde e para o impacto humano na natureza.
Entretanto, se os níveis de CO2 ficarem em 550
ppm em 2100, a possibilidade de chegar ao objetivo de reduzir o aumento na
temperatura seria inferior a 50%.
Além disso, se a temperatura subir entre 0,3ºC e
4,8ºC, o nível do mar poderia aumentar entre 26 e 82 centímetros, afetando
diretamente a vida nas áreas costeiras.
O informe não apresenta recomendações, mas sim
uma lista de opção possíveis, e recorda que na última década as emissões de
gases do efeito estufa aumentaram em 1 bilhão de toneladas a cada ano, por
causa do crescimento econômico.
“Todos os esforços realizados até agora (…) não
reduziram realmente as emissões”, explicou Youba Sokona, o terceiro
copresidente do IPCC.
“Os desafios são grandes, mas ainda não é tarde
demais para agir”, acrescentou.
A comunidade internacional fracassou em 2009, em
uma reunião em Copenhague, em fixar objetivos de autorregulação.
Reação internacional
Em uma primeira reação ao documento, a comissária
europeia para o Clima, Connie Hedegaard, pediu para que os Estados Unidos e a
China, os países mais poluentes do mundo, se comprometam com a contra o
aquecimento global.
“O informe do IPCC é claro, não há plano B. Só há
o plano A, o da ação coletiva para reduzir as emissões imediatamente”, afirmou
Hedegaard em um comunicado.
Ao anunciar que a União Europeia adotará esse ano
um ambicioso programa de redução de suas emissões até 2030, questionou, em
referência aos EUA e a China: “quando vocês, os grandes emissores, vão fazer o
mesmo? Quanto mais tarde, pior, mais difícil será fazê-lo”.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry,
reagiu ao documento declarando que o combate ao aquecimento é uma questão de
vontade, e não de capacidade.
“O informe diz muito claramente estamos frente a
uma questão de vontade mundial, e não de capacidade”, ressaltou Kery em um
comunicado, destacando que as já existem as tecnologias necessárias para
proporcionar uma mudança e pedindo por mais investimentos no setor.
O relatório tem 2.000 páginas, e o resumo
divulgado neste domingo foi aprovado depois de ser analisado e revisado por
representantes governamentais e científicos reunidos em Berlim.
Fonte: EcoDebate
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