Onda de poluição provoca escassez
de máscaras de proteção na China.
Chineses usam máscaras para se proteger da
poluição do ar. REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Há uma semana uma forte onda de poluição
atinge o norte da China. Os índices alarmantes vêm sendo considerados como uma
crise de saúde e um desafio para o atual governo chinês. Em Pequim, onde a
situação é mais grave, mesmo membros do governo já admitiram que a qualidade do
ar da capital é insuportável. A poluição do ar na cidade ultrapassou em vinte
vezes o índice considerado seguro por organizações internacionais. Os estoques
de máscaras de proteção respiratória estão esgotados em várias cidades.
A poluição que vem afetando o norte da China foi
classificada como crise de saúde pelos representantes da Organização Mundial da
Saúde no país. Pesquisadores chineses associaram a condição atmosférica da
China com um “inverno nuclear”, tamanha a densidade das partículas encontradas
no ar e que formam uma densa nuvem de poluição.
A situação em Pequim também vem sendo chamada
ironicamente de “ar-pocalipse”. Mais de 15% do país foi coberto pela poluição,
mais de 19 cidades registaram índices de poluição mais altos que os
recomendáveis.
Poluição em Pequim 20 vezes superior ao
índice recomendado
Em Pequim, na quarta-feira, os índices das
menores e mais perigosas partículas presentes no ar, normalmente relacionadas a
doenças respiratórias, ultrapassavam em 20 vezes o índice reconhecido
internacionalmente como seguro.
Desde o dia 20 de Fevereiro, o centro
meteorológico da cidade já emitiu 12 alertas de poluição. Nove deles eram
alertas amarelos, o terceiro mais elevado na escala que indica que a população
deve evitar sair de casa. Três outros eram alertas laranjas, o segundo mais
grave e que implica a proibição de atividades como construção, queima de fogos
de artifício e até mesmo churrascos.
Empresas reduziram atividades
O governo vem sendo pressionado a acionar o
alerta vermelho, assumindo a gravidade da situação atual. Esse sistema de
alerta foi inaugurado em outubro do ano passado. No entanto, a agência oficial
chinesa de informação garante que uma frente fria na noite de quarta-feira já
amenizou a situação hoje na capital.
Na terça feira, durante um inesperado passeio
pela ruas históricas de Pequim, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu à
prefeitura de Pequim maiores esforços para reduzir a poluição do ar.
Cerca de 150 companhias suspenderam suas
atividades até a redução dessa onda de poluição. Mas, apesar do governo proibir
alunos de irem as aulas se o nível de poluição não estiver seguro por mais de
três dias consecutivos, as escolas continuam abertas.
Máscaras de proteção respiratória
esgotadas em várias cidades
A procura por máscaras de proteção respiratória
tão comuns nas ruas das grandes metrópoles chinesas tem sido tão grande ao
longo da semana que o maior site de vendas online está com seus estoques quase
vazios. A correspondente da RFI na China, Luiza Duarte, diz que é quase
impossível sair de casa sem máscara.
A população também pode acompanhar em tempo real
a evolução da qualidade do ar em diversas cidades e os pontos mais afetados,
através de sites como o do Departamento
do Meio Ambiente de Pequim ou o aqicn.info.
Essa semana também foi registado o primeiro
processo contra o governo por causa da poluição. Li Guixin, morador da cidade
de Shijiazhuang alega que além do Estado não ter sido capaz de cumprir seu
dever de proteger os cidadãos de inegáveis danos para a saúde, a má qualidade
do ar vem impactando também seu orçamento, já que ele teve que gastar com
máscaras e purificadores de ar.
Ondas de poluição são frequentes no país
Nos últimos anos, Pequim e outras metrópoles
chinesas tem sofrido com a má qualidade do ar que tem origem na rápida
urbanização, no aumento do uso de carros, no intenso desenvolvimento econômico
e também em fatores climáticos. A concentração de partículas poluentes no ar
tende a ser pior durante o inverno.
Em março do último ano, após serem registados
novamente índices alarmantes em relação a qualidade do ar na cidade de cerca de
20 milhões de habitantes, o governo anunciou um plano de três anos para
combater a poluição. Além de reprimir construções, o plano prevê melhorias no
sistema de esgoto, coleta de lixo e controle da qualidade do ar com custo de 16
bilhões de dólares.
A poluição no país deve voltar a agenda da
Assembleia Popular Nacional, principal órgão legislativo chinês, que inicia sua
reunião anual em 5 de março.
Fonte: RFI
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