Obras da Transposição do rio São
Francisco ameaçam terras indígenas.
Povos Truká e Pipipan sofrem impactos das obras e
temem ver terras alagadas antes de demarcação oficial.
Por Renata Bessi, especial para a Repórter Brasil
Cabrobró (PE) e Floresta (PE) -
Fincados na caatinga do semiárido pernambucano, em terras secas por onde andou
o cangaceiro Lampião, estão os povos indígenas Truká e Pipipan. Vivem nas
proximidades do Rio São Francisco, respectivamente nas cidades de Cabrobó e
Floresta, distantes 94 quilômetros uma da outra e a cerca de 600 quilômetros da
capital Recife. Não faltam a eles características em comum. Habitam terras
herdeiras da violência do cangaço, vivem a pior seca dos últimos 50 anos, viram
seu chão sendo submerso pela represa de Itaparica em fins da década de 1980,
estão no chamado polígono da maconha com inúmeros conflitos agrários, e são
vizinhos de Itacuruba, cidade para a qual o governo federal guarda projeto de
construção de uma usina nuclear.
Meninas
do povo Pipipan
Em comum possuem também a ameaça à demarcação de
suas terras, principal bandeira de reivindicação dos indígenas, pelas obras da
transposição do São Francisco, uma das maiores obras de infraestrutura do
governo federal. As duas tomadas de águas do rio, que serão levadas por dois
canais sertão adentro, estão sendo construídas em territórios reivindicados
pelos Truká e Pipipan em Cabrobó e Floresta.
Por um mês, a reportagem percorreu terras do sertão
de Pernambuco e apurou questões enfrentadas por esses povos, como o conflito de
terras e pela água, grileiros, desmatamento, problemas agravados com as obras
da transposição.
Clique nos links abaixo para navegar por esta
reportagem especial.
A relação dos povos indígenas com as terras,
florestas e águas do São Francisco
Indígenas acompanham com apreensão abertura de
novos canais
Desde a década de 1980 indígenas tentam recuperar
áreas desmatadas
Liderança indígena conta história da retomada dos
Truká e de violências sofridas
Ministério da Integração havia reservado R$ 6,3
milhões para gastos
Estudos têm omissões graves e recuperação ambiental
é insuficiente
Identidade dos indígenas é questionada e perseguições continuam
Fonte: EcoDebate
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