Bolívia e Brasil vão analisar
impacto de usinas no rio Madeira em inundações na parte boliviana da Amazônia.
Cheia do rio Madeira, atinge a BR 364. Foto:
Secom/Acre/Fotos Públicas
O ministro das Relações Exteriores da Bolívia,
David Choquehuanca, disse ontem (6), em La Paz, que se reunirá com o chanceler
brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, no dia 7 de abril, para analisar a
situação da cheia do Rio Madeira e a suposta incidência das usinas
hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau nas inundações que ocorrem na parte
boliviana da Amazônia.
A informação foi divulgada pela Agencia Boliviana
de Información (ABI) e confirmada pelo Palácio Itamaraty. A chancelaria
brasileira revelou que autoridades dos dois países avaliam a situação do Rio
Madeira, e adiantou que o ministro Figueiredo irá à Bolívia, no início de
abril, para uma visita bilateral ampla, na qual o tema da influência das
hidrelétricas na situação do Rio Madeira poderá ser discutido.
De acordo com a ABI, Choquehuanca disse que, na semana passada, uma comissão boliviana viajou para analisar a situação com autoridades brasileiras. Segundo o ministro boliviano, os dois países acordaram que uma comissão bilateral trabalhe sobre as preocupações que a Bolívia expressou sobre a incidência das hidrelétricas no território boliviano.
“Estamos organizando reuniões de técnicos em
nível binacional, de onde vamos recolher todas as informações técnicas e
científicas, e logo veremos que ações tomar”, disse Choquehuanca. Ele revelou
que na agenda com o ministro Figueiredo, estão previstos também temas
comerciais, de energia e diplomáticos.
As chuvas e inundações, que começaram em setembro
passado, deixaram 60 mortos e pelo menos 60 mil famílias afetadas na Bolívia.
No Brasil, mais de 2 mil famílias atingidas pela cheia do Rio Madeira estão em
abrigos de Porto Velho e de outras localidades. Em São Carlos e Nazaré, por
exemplo, todas as famílias precisaram deixar suas casas.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que
monitora a vazão do Rio Madeira, avalia que a operação das usinas hidrelétricas
Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, não influencia a cheia do rio. “Não
temos observado influência das usinas, porque elas são a fio d’água, não retêm
água. Elas têm um protocolo de nível mínimo e máximo, e têm mantido isso o tempo
inteiro. A água que entra, passa”, explica o diretor de Hidrologia e Gestão
Territorial do CPRM, Thales Sampaio. Segundo ele, o que está causando a cheia
no Rio Madeira é o excesso de chuvas na Bolívia, onde ficam as cabeceiras do
rio. “Choveu acima da média desde outubro, na Bolívia, especialmente em janeiro
e fevereiro”, diz o diretor.
*Com informações da Agencia Boliviana de
Información
Fonte: EcoDebate
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