Livro
sobre o Rio Paraíba do Sul é lançado em São Paulo.
Reportagem em texto e fotos conta a história da urbanização em torno do rio para contextualizar suas questões ambientais.
O Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, no
estado de São Paulo, e deságua no Atlântico em Atafona (São João da Barra), ao
norte fluminense, quase na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo. Após
seus 1200 km de percurso, as águas perdem substancialmente o fôlego da vazão
por conta de transposições, barragens e assoreamentos. No trajeto do rio,
ocorre a maior transposição do Brasil — a do Rio Gandu, que desloca dois terços
do seu volume de água para abastecer a região metropolitana do Rio de Janeiro.
São 60 mil litros de água por segundo.
Essa e
outras questões ambientais da bacia hidrográfica são contextualizadas no
livro “Paraíba do Sul – História de um Rio Sobrevivente”, grande
reportagem realizada pelos jornalistas Valdemir Cunha (fotógrafo) e Luís
Patriani (repórter), que viajaram por todo o percurso do Rio Paraíba do Sul
para situá-lo sob seus aspectos ambientais, culturais, históricos e
geográficos. Na quarta-feira, 27, acontece o lançamento do livro, a partir das
19h, na Livraria Vila, na Vila Madalena.
No entorno das duas maiores capitais do Brasil, o
rio Paraíba do Sul ainda sobrevive à ocupação urbana e ao intenso processo de
industrialização do eixo Rio-São Paulo. “Mas essa sobrevivência foi garantida
quase ‘por acaso’; pelo próprio rio e sua força cultural. Ela ainda possui
muitas interrogações”, defende Patriani.
Para explicar essas
transformações, o jornalista faz um resgate histórico desde as
incursões dos Bandeirantes e do caminho do ouro em Minas Gerais, passando pelo
crescimento das lavouras de cana e café, mineração e início da
industrialização. O livro também traz histórias sobre como a vida dos
habitantes do entorno foi transformada, no que diz respeito à pesca e ao
impacto que a construção da Via Dutra provocou na paisagem.
Riscos ambientais
Hoje, são cinco barragens no Paraíba do Sul, que
alteram substancialmente sua vazão. “Umas das partes mais bonitas é a foz do
Rio Paraíba do Sul, quando entra em contato com o mar. Mas é visível o que
transformação humana faz: o mar está invadindo a Vila Atafona”, revela Cunha.
Patriani ainda alerta para os perigos que uma
segunda transposição poderia causar — intervenção sugerida em um decreto do
governo do Estado de SP, em 2008. “O Paraíba do Sul não vai sobreviver a uma
nova transposição. A água pode nem chegar ao Rio de Janeiro”, sugere.
Outras questões ambientais são colocadas no livro.
Boa parte das das cidades e indústrias que cresceram às margens do Paraíba do
Sul despeja efluentes tóxicos em suas águas. “A primeira parte do rio é como se
fosse outro Paraíba do Sul, onde as cidades do entorno têm uma relação cultural
bem mais forte com ele. Até chegar na barragem de Paraibuna, que marca um
divisor não só na vazão, mas em toda a paisagem. É partir dela que chegam
grandes cidades no percuso, como Jacareí, São José dos Campos e Taubaté. A
poulição aumenta muito, e presta-se menos atenção ao Paraíba do Sul”, lamenta
Patriani.
Segundo pesquisa realizada no ano passado pela
Universidade de Taubaté (UNITAU), no trecho paulista entre Tremembé e
Aparecida, amostras de água do Paraíba do Sul têm substâncias como metais
pesados, como alumínio e ferro, inseticidas e herbicidas. Tais substâncias
causam prejuízos graves ao ecossistema da bacia e à saúde das 9 milhões de
pessoas que são abastecidas por ela. Patriani revela que “São José dos Campos
tem 46%, e Taubaté 1% de esgoto tratado. Boa parte dos efluentes dessas cidades
vão para o rio”.
Fonte: ESTADÃO
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