Altas temperaturas aceleram a
reprodução dos mosquitos da dengue e malária.
Experimentos no microcosmos mostram que com o
aquecimento o processo biológico dos mosquitos é acelerado
Por Luciete Pedrosa
Experimentos feitos nas salas do microcosmos, que
simulam os efeitos das mudanças climáticas, demonstraram que em altas
temperaturas os mosquitos transmissores da dengue e da malária se reproduzirão
mais rápido. Os resultados foram descritos pelo pesquisador Wanderli Tadei, do
Grupo de Malária e Dengue, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI) em palestra nesta quarta-feira (26) durante o V Workshop INCT
Adapta.
Tadei explicou que os experimentos foram
realizados em três salas do microcosmos com diferentes temperaturas. Os
resultados mostraram que os mosquitos nas salas mais quentes se reproduziram
mais rápido, ou seja, com o aquecimento o processo biológico dos mosquitos
ficou mais acelerado.
O pesquisador acrescentou que isso contribuirá
para o aumento da densidade de mosquitos Aedes aegypti e Anopheles
darlingi, tendo como consequência a transmissão de dengue e malária. “O
contato entre o vetor e o homem será mais intenso”, afirmou.
Segundo Wanderli Tadei, colônias de Aedes
aegypti estão sendo estudadas e já se encontram na 27ª geração. “Os dados
obrigam a nos preparar para um controle desses mosquitos e avaliar mecanismos
para que não provoquem uma catástrofe com a transmissão da dengue”, alertou.
Malária
Em relação a malária, o autor da pesquisa relatou
que o mosquito vive em torno de 50 a 60 dias, e o da dengue de 30 a 45 dias.
Com os efeitos simulados no microcosmos, eles estão vivendo menos. Tadei também
comentou sobre um experimento-piloto com ovos do mosquito da malária, no qual
verificou que esses ovos eclodem mais rapidamente, porém, estudos serão feitos
quanto às fases de desenvolvimento das larvas a fim de verificar se haverá uma
redução no seu tempo de crescimento.
“Isto é serio em relação à transmissão da
malária, porque vivemos um momento muito bom. Podemos até falar na eliminação
da doença em alguns locais. É natural o vetor da malária se reproduzir na nossa
região, porque está consorciado às condições ambientais que temos”, completou.
Confira a entrevista de Tadei sobre a influência
das mudanças climáticas no caso da malária e o resumo dos debates desta
quarta-feira na videoreportagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário