Pirâmide populacional por nível
de instrução no Brasil, por José Eustáquio Diniz Alves e Mônica Teixeira
Figueira da Conceição.
A pirâmide demográfica mostra a
distribuição por sexo e idade de uma população e a pirâmide populacional por
nível de instrução mostra a composição educacional da população por sexo e
grupos de idade. A pirâmide educacional brasileira para as pessoas com 15 anos
ou mais de idade, com dados do censo de 2010, mostra claramente que as coortes
mais novas avançaram muito em termos educacionais em relação às coortes mais
idosas.
Nota-se que a maioria das pessoas com idades acima
de 50 anos, em 2010, tinham baixos níveis de escolaridade, predominando o “sem
instrução e fundamental incompleto”. Mesmo assim, o grupo etário 50-54 anos
estava em situação muito melhor do que o grupo etário 70-74 anos e outros mais
idosos.
A melhor situação educacional, em 2010,
encontrava-se no grupo etário 25-29 anos que apresentava maiores níveis de escolaridade
no “médio completo e superior incompleto” e no “superior completo”, mas é no
grupo 20-24 anos que estavam as menores proporções de pessoas “sem instrução e
fundamental incompleto”. Nesse grupo, a proporção de pessoas com nível superior
completo é relativamente baixa porque muitos jovens desta idade ainda estavam
nos bancos escolares das universidades. Mas a tendência é que cada grupo etário
mais jovem ultrapasse os níveis educacionais dos grupos etários posteriores.
Isto quer dizer que o Brasil está passando por um
processo de mobilidade educacional ascendente, em termos geracionais. Mesmo
que, hipoteticamente, não haja avanços no aumento das taxas de matricula,
apenas o processo de substituição de gerações vai fazer que os anos médios de
estudo da população brasileira se elevem nos próximos anos e décadas.
Porém, se houver maiores investimentos em educação
os ganhos podem ser muito mais expressivos. Por exemplo, no ano 2000, apenas
4,8% da população com mais de 20 anos de idade tinham mais de 15 anos de
estudo, já em 2010 a população que declarou ter nível de instrução superior
completo representava 10,5% da população adulta. Sem dúvida, houve avanços no
Brasil, mas o país ainda está muito atrás dos níveis educacionais alcançados
por seus vizinhos do Cone Sul – Chile, Argentina e Uruguai, assim com da Coréia
do Sul que tem cerca de 70% dos jovens de 25 a 29 anos com grau superior de
educação.
Outra característica da pirâmide educacional
brasileira é a reversão do hiato de gênero ao longo das últimas décadas. Nas
idades mais avançadas, embora ambos os sexos tivessem baixos níveis
educacionais, os homens estavam em situação “menos pior” do que as mulheres.
Mas nos grupos etários mais jovens as mulheres superaram os homens nos graus
“médio completo e superior incompleto” e no “superior completo”, sendo que a
“desigualdade reversa” tem aumentado.
Os desafios futuros da educação brasileira passam
pela universalização do ensino fundamental e médio, pelo aumento das taxas de
matricula nos cursos superiores, pela diminuição das desigualdades reversas de
gênero e, especialmente, pela melhoria da qualidade do ensino, para diminuir o
analfabetismo funcional em todos os níveis educacionais.
Referências:
- BELTRÃO,
K., ALVES, J.E.D. A reversão do hiato de gênero na educação brasileira no
século XX. Cadernos de Pesquisa, FCC, São Paulo, V. 39, n. 136,
jan/abr 2009, pp 125-156.
- ALVES,
J.E.D, CORREA, S. Igualdade e desigualdade de
gênero no Brasil: um panorama preliminar, 15 anos depois do Cairo.
In: ABEP, Brasil, 15 anos após a Conferência do Cairo, ABEP/UNFPA,
Campinas, 2009:
- ALVES,
J.E.D, CAVENAGHI, S. MARTINE, G. Population and changes in Gender
Inequalities in Latin America, XXVII Conferência da IUSSP,
Busan, Coréia do Sul, 25 a 31 de agosto 2013
José Eustáquio Diniz Alves,
Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do
mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de
Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter
pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Mônica Teixeira Figueira da Conceição é Mestranda
da ENCE/IBGE
Fonte: EcoDebate
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