domingo, 2 de fevereiro de 2014

Pirâmide populacional por nível de instrução no Brasil, por José Eustáquio Diniz Alves e Mônica Teixeira Figueira da Conceição.
A pirâmide demográfica mostra a distribuição por sexo e idade de uma população e a pirâmide populacional por nível de instrução mostra a composição educacional da população por sexo e grupos de idade. A pirâmide educacional brasileira para as pessoas com 15 anos ou mais de idade, com dados do censo de 2010, mostra claramente que as coortes mais novas avançaram muito em termos educacionais em relação às coortes mais idosas.

Nota-se que a maioria das pessoas com idades acima de 50 anos, em 2010, tinham baixos níveis de escolaridade, predominando o “sem instrução e fundamental incompleto”. Mesmo assim, o grupo etário 50-54 anos estava em situação muito melhor do que o grupo etário 70-74 anos e outros mais idosos.

A melhor situação educacional, em 2010, encontrava-se no grupo etário 25-29 anos que apresentava maiores níveis de escolaridade no “médio completo e superior incompleto” e no “superior completo”, mas é no grupo 20-24 anos que estavam as menores proporções de pessoas “sem instrução e fundamental incompleto”. Nesse grupo, a proporção de pessoas com nível superior completo é relativamente baixa porque muitos jovens desta idade ainda estavam nos bancos escolares das universidades. Mas a tendência é que cada grupo etário mais jovem ultrapasse os níveis educacionais dos grupos etários posteriores.

Isto quer dizer que o Brasil está passando por um processo de mobilidade educacional ascendente, em termos geracionais. Mesmo que, hipoteticamente, não haja avanços no aumento das taxas de matricula, apenas o processo de substituição de gerações vai fazer que os anos médios de estudo da população brasileira se elevem nos próximos anos e décadas.

Porém, se houver maiores investimentos em educação os ganhos podem ser muito mais expressivos. Por exemplo, no ano 2000, apenas 4,8% da população com mais de 20 anos de idade tinham mais de 15 anos de estudo, já em 2010 a população que declarou ter nível de instrução superior completo representava 10,5% da população adulta. Sem dúvida, houve avanços no Brasil, mas o país ainda está muito atrás dos níveis educacionais alcançados por seus vizinhos do Cone Sul – Chile, Argentina e Uruguai, assim com da Coréia do Sul que tem cerca de 70% dos jovens de 25 a 29 anos com grau superior de educação.

Outra característica da pirâmide educacional brasileira é a reversão do hiato de gênero ao longo das últimas décadas. Nas idades mais avançadas, embora ambos os sexos tivessem baixos níveis educacionais, os homens estavam em situação “menos pior” do que as mulheres. Mas nos grupos etários mais jovens as mulheres superaram os homens nos graus “médio completo e superior incompleto” e no “superior completo”, sendo que a “desigualdade reversa” tem aumentado.

Os desafios futuros da educação brasileira passam pela universalização do ensino fundamental e médio, pelo aumento das taxas de matricula nos cursos superiores, pela diminuição das desigualdades reversas de gênero e, especialmente, pela melhoria da qualidade do ensino, para diminuir o analfabetismo funcional em todos os níveis educacionais.
Referências:

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Mônica Teixeira Figueira da Conceição é Mestranda da ENCE/IBGE


Fonte: EcoDebate

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