França aprova proibição de
pesticidas em jardins públicos e particulares.
Uso
doméstico de agrotóxicos é perigoso para a saúde, dizem especialistas.
A partir de 2020, os parques e jardins públicos na
França não poderão mais ser tratados com pesticidas e herbicidas. Dois anos
depois, em 2022, os milhões de franceses que cultivam um jardim em casa também
não poderão mais usar os produtos químicos, de acordo com uma lei aprovada em
janeiro pelo Parlamento do país.
A proibição dos agrotóxicos é uma vitória dos
ecologistas, que há anos alertam para os perigos para a saúde. Câncer, mal de
Parkinson e problemas de reprodução foram constatados em usuários profissionais
que manipulam os produtos, de acordo com um estudo comandado pelo respeitado
Instituto Nacional de Saúde e Pesquisas Médicas. A pesquisa ainda verificou o
aumento dos riscos dos fetos desenvolverem propensão a tumores, leucemia,
alergias e deficiências cognitivas.
A organização Générations Futures foi uma das que
mais pressionou os parlamentares a aprovarem o texto. Maria Pelletier,
presidente da entidade, lembra que a grande maioria dos jardineiros amadores
desconhece os perigos do uso doméstico de pesticidas. “Eu diria que quase 98%
não têm consciência. Aliás, tudo é feito para manter as pessoas na completa
ignorância sobre os riscos. Nas lojas especializadas, os vendedores não são
capazes nem de ter uma boa formação, nem de informar os clientes, afinal eles
mesmos dispõem de informações completamente equivocadas”, diz Pelletier.
A lei abrange entre 5 a 10% dos produtos destinados
a proteger as plantas de parasitas e infecções na França. O restante é
utilizado na agricultura. Os pesticidas poderão ser usados nos jardins somente
em caso de “urgência sanitária”.
A presidente da organização critica o fato de que o
prazo para a aplicação da lei seja tão extenso. Segundo ela, o lobby do setor
conseguiu seis a oito anos para se preparar para as mudanças. “Deve-se tomar,
hoje, as medidas necessárias para preservar a saúde das populações e do meio
ambiente. Essas moléculas se dissipam e vão para a natureza, o ar, o solo e a
água, e afetam a fauna, a flora, e é claro, a saúde pública”, observa.
Situação no Brasil
Enquanto isso, o Brasil é um dos maiores
consumidores mundiais de agrotóxicos. O professor e pesquisador Wanderlei
Pignati, do Instituto de Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Mato
Grosso, lamenta que embora os riscos dos pesticidas sejam conhecidos, eles
sejam encontrados facilmente em qualquer supermercado do país.
“Eles são tóxicos não apenas para os insetos,
fungos e as chamadas ervas daninhas, como também são prejudiciais à saúde
humana. Mesmo assim, são vendidos nos supermercados como produtos
domissanitários”, ressalta. “As crianças e os idosos são os mais atingidos por
irritações causadas por estes venenos.”
Opções à química
O médico, especialista na contaminação por
agrotóxicos, garante que existem alternativas menos poluentes do que os
herbicidas. “Você tem várias alternativas orgânicas, a começar pelo cuidado da
própria planta e uma adubação adequada, orgânica. Uma planta sadia não tem
doenças”, afirma. “Se tem apenas duas ou três lagartas, você pode retirá-las
com as mãos, ou colocar uma armadilha para os insetos. Não é necessário aplicar
veneno. Ou então você pode usar outros controles a base de nim, uma planta que
afugenta ou até mata o inseto.”
Além do uso generalizado de agrotóxicos, o Brasil
também é um dos países que mais produzem alimentos transgênicos no mundo.
Fonte: RFI
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