Pesquisador: poderemos conversar com animais em até
10 anos
Um fotógrafo flagrou um casal de cães-da-pradaria que
parecem se preparar para dançar, no zoológico de Praga Foto: The Grosby Group
Um médico que conversa com animais. Essa é a premissa da
série de livros infantis Doctor Dolittle, de Hugh Lofting, que originou mais
tarde os filmes estrelados por Eddie Murphy. História para criança? Con
Slobodchikoff, professor emérito de biologia da Universidade de Arizona do
Norte, nos Estados Unidos, acha que não. Para ele, o ser humano poderá se
comunicar com animais domésticos em até 10 anos.
Essa previsão parte de sua pesquisa de três décadas sobre a
comunicação entre animais. Hoje Slobodchikoff já testa um programa de
computador para, com técnicas de inteligência artificial e muitos anos de dados
coletados, comunicar-se com cães-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys
gunnisoni), roedores da família dos esquilos que habitam principalmente os
Estados americanos de Arizona, Novo México e Colorado.
Com a aplicação dessa tecnologia para outros animais, o
pesquisador acredita que, em cinco a 10 anos, os seres humanos poderão se
comunicar, em um nível básico, através de dispositivos do tamanho de um
celular, com seus cachorros e gatos. “Eu acredito que tais conversas nos
ajudarão a resolver muitos problemas comportamentais que as pessoas têm com
seus animais de estimação”, afirma Slobodchikoff, em entrevista ao Terra. “A
maioria dos problemas de comportamento aparecem porque as pessoas não conseguem
comunicar suas necessidades aos seus animais, e seus animais não conseguem
comunicar suas necessidades a suas pessoas”.
Essa previsão parte de sua pesquisa de três décadas sobre a
comunicação entre animais. Hoje Slobodchikoff já testa um programa de
computador para, com técnicas de inteligência artificial e muitos anos de dados
coletados, comunicar-se com cães-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys
gunnisoni), roedores da família dos esquilos que habitam principalmente os
Estados americanos de Arizona, Novo México e Colorado.
Com a aplicação dessa tecnologia para outros animais, o
pesquisador acredita que, em cinco a 10 anos, os seres humanos poderão se
comunicar, em um nível básico, através de dispositivos do tamanho de um
celular, com seus cachorros e gatos. “Eu acredito que tais conversas nos
ajudarão a resolver muitos problemas comportamentais que as pessoas têm com
seus animais de estimação”, afirma Slobodchikoff, em entrevista ao Terra. “A
maioria dos problemas de comportamento aparecem porque as pessoas não conseguem
comunicar suas necessidades aos seus animais, e seus animais não conseguem
comunicar suas necessidades a suas pessoas”.
Não se sabe ainda o que esse tipo de diálogo pode revelar. Talvez
o gato esteja sentindo medo ou o cão precise sair para resolver urgências fisiológicas,
por exemplo. “Quanto mais descobrimos sobre os animais, maior complexidade
encontramos”, diz o pesquisador. “As pessoas achavam que cachorros estavam
latindo apenas porque estavam com vontade de latir ou estavam apenas
expressando uma emoção. Nós estamos agora começando a descobrir que cachorros
têm coisas específicas a dizer em seus latidos. Quanto mais nós descobrimos, e
mais a tecnologia para compreender a comunicação animal se desenvolve, estou
disposto a dizer que vamos encontrar muitos animais com linguagens complexas
nas quais eles comunicam informações específicas”.
Linguagem sofisticada
A ideia do professor de que os animais podem se comunicar de forma mais eficaz
do que imaginávamos surgiu com o estudo de cães-da-pradaria-de-cauda-curta, nos
EUA. Após centenas de experimentos, o professor e seus alunos descobriram o que
ele considera a “mais sofisticada linguagem animal já decodificada”.
A descoberta sucedeu após análise dos chamados de alerta
efetuados em uma colônia desses roedores diante da visão de um possível
predador. Os alertas, agudos, semelhantes a pios de pássaros, variavam conforme
o elemento avistado. Cada um deles era gravado, e as reações provocadas entre
os roedores eram assinaladas. Mais tarde, a equipe de pesquisadores reproduzia
os sons com o intuito de “compreender” os chamados.
Com essas e outras experiências, Slobodchikoff identificou a
utilização de diferentes fonemas, como se fossem palavras, e combinações de
sons específicos, como se fossem frases. Segundo o pesquisador, o vocabulário
dos “prairie dogs” (em inglês) lhes permite comunicar informações bem
específicas, como a diferenciação de cores, formatos e tamanhos.
Em seu livro mais recente, “Chasing Dr. Dolittle”, de 2012, sem
tradução para o português, Slobodchikoff apresenta feitos impressionantes
desses roedores. Eles puderam descrever, uns para os outros, uma pessoa alta
vestindo camiseta amarela e uma pessoa baixa usando camiseta azul. A
velocidade, a quantidade e as formas de cachorros se aproximando também eram
anunciadas.
Nem todos os animais, entretanto, possuem uma comunicação tão
eficiente. “Todos os animais se comunicam uns com os outros, como o fazem as
células do nosso corpo. Mas nem todos têm necessariamente uma linguagem”,
conclui.
Fonte: TERRA
BRASIL
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