Municípios em áreas de
desmatamento na Amazônia sofrem mais com a violência, diz Ipea.
Um estudo publicado na sexta-feira (20) pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu que os municípios
localizados em áreas de desmatamento da Amazônia sofrem mais com a violência do
que outras cidades com o mesmo tamanho e importância econômica. Segundo a
pesquisa, a média da taxa de homicídios nos 46 municípios que mais desmatavam
em 2010 era 48,8 por 100 mil habitantes naquele ano. A taxa é quase o dobro da
observada em outros 5.331 municípios pequenos e médios do país (27,1 por 100
mil habitantes).
Além disso, segundo o estudo, as cidades em área
de desmatamento tiveram uma piora de 51,9% na taxa de homicídios, entre 2000 e
2010, enquanto no restante dos municípios esse aumento foi 2%.
O Ipea dividiu os municípios em área de
desmatamento em cinco grupos: os municípios pequenos (com até 100 mil
habitantes) e renda per capita mais baixa (até R$ 5.193), os pequenos
(com renda média entre R$ 5.193 e R$ 15.460), os pequenos com renda mais alta
(acima de R$ 15.460), os municípios médios (com população entre 100 mil e 500
mil) com renda média e os médios com renda mais alta.
A maior discrepância na violência entre os
municípios de área de desmatamento e o restante do país foi observada nas
cidades média com renda média. Enquanto entre aqueles que mais desmatam a taxa
de homicídios era 108,7 por 100 mil habitantes, entre aqueles que não desmatam
a taxa era quase três vezes menor (38,9 por 100 mil).
“Constatamos que nos municípios onde há um maior
valor econômico a explorar, há um ciclo de ilegalidades que começa com a
grilagem de terra, o desmatamento e outras violências, inclusive o homicídio. A
gente percebeu isso claramente no nosso estudo”, disse o coordenador da
pesquisa, Daniel Cerqueira.
A maioria dos 46 municípios que mais desmatam
está nos estados do Pará e de Mato Grosso. Dois deles, inclusive, figuram entre
os 20 mais violentos do país, de acordo com o Ipea: Marabá, com taxa de 108,7
por 100 mil habitantes, e Novo Progresso, com taxa de 91,7 por 100 mil, ambos
no Pará.
Edição: Talita Cavalcante
Reportagem de Vitor Abdala, da Agência
Brasil.
Fonte: EcoDebate
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