sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tinta com biomassa reduz custos de produção, absorve som e reduz dispersão de chama.
Pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena desenvolveram produto à base de tinta látex com baixo custo. Um grupo de cientistas da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP conseguiu desenvolver uma tinta látex que utiliza bagaço e palha da cana de açúcar como aditivo e ainda melhora a absorção do som, diminui a propagação da chama e mantém a aderência como as tintas comuns. O produto ainda traz como inovação menor impacto ambiental e baixo custo.
Escolha do bagaço e da palha se justifica pela abundância nas regiões canavieiras

A pesquisa Biomassa como aditivo para tinta látex: sustentabilidade ambiental e melhoria nas propriedades acústicas e da propagação de chamas do produto surgiu do trabalho conjunto dos Departamentos de Biotecnologia, de Materiais e Engenharia Química, com a participação dos professores Ângelo Capri Neto, Adilson Roberto Gonçalves, Maria da Rosa Capri, da aluna de doutorado Fernanda de Carvalho Oliveira e do estudante de iniciação científica Alessandro Costa Pinto.

A inovação do produto rendeu aos pesquisadores o primeiro lugar do 15º prêmio ABRAFATI de Ciências em Tintas. A premiação da Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas, ocorrida em dezembro, destaca pesquisas científicas relacionadas às tintas, que aprimoram produtos e matérias-primas, gerando menos impacto ao meio ambiente.

Segundo o professor Ângelo Capri Neto, a proposta do estudo foi adicionar a biomassa à tinta látex, uma das mais empregadas para a pintura de interiores de construções, para diminuir a utilização dos derivados do petróleo, que fazem parte da composição química da tinta.

“A escolha do bagaço e da palha da cana se justifica pela abundância nas regiões canavieiras e que, hoje, são rejeitos da indústria agrícola e precisam de uma destinação. Além disso, a substituição parcial do petróleo pela fibra natural reduz o custo de produção e o impacto ambiental quando o material for descartado”, explica Capri Neto.

Resultados

Inicialmente, os pesquisadores analisaram se a adição da biomassa à tinta poderia influenciar na aderência do produto acabado. “O resultado mostrou que não e, a partir daí, investigamos algumas outras propriedades do produto, tais como alteração da textura, absorção de sons e propagação de chamas após a aplicação do produto”.

O pesquisador afirma que essa absorção do som já era esperada, uma vez que ocorreu mudança da textura com aplicação dos rejeitos da cana. O produto apresentou um aumento significativo de absorção de som (15 decibéis) em relação à tinta sem aditivos (10 decibéis).

O que mais surpreendeu os pesquisadores foi a resistência do produto à chama. “A tinta látex é altamente inflamável. Então, se ocorrer um incêndio em um ambiente pintado com a tinta, a propagação da chama será alta. Percebemos que a palha da cana criou uma barreira, retardando esse efeito”, disse Capri Neto.

Além disso, a lignina – uma macromolécula obtida do fracionamento do bagaço e da palha – foi utilizada na obtenção de resina fenólica e também proposta para compor a formulação de tintas.
Foto: Wikimedia

Matéria de Hérika Dias, da Agência USP de Notícias.


Fonte: EcoDebate

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