Estudo revela que poluição do ar
intensificou ciclones de inverno no Pacífico
A crescente poluição do ar na China e em outros
países asiáticos de rápido crescimento intensificaram os ciclones de inverno no
noroeste do Pacífico, anunciaram cientistas nesta terça-feira. Matéria da AFP,
no UOL
Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.
Segundo os especialistas, os ciclones de inverno
em latitudes que incluem o noroeste da China, Coreia e Japão trouxeram ventos
mais potentes e mais chuvas, como resultado dos níveis crescentes de poluição
por particulados.
As partículas de poeira afetam a forma como a
unidade se desenvolve nas nuvens e como o calor se distribui em sistemas de
tempestades, disse Yuan Wang, do prestigioso Laboratório de Propulsão a Jato do
Instituto de Tecnologia da Califórnia.
“Segundo estimativas, a mudança significativa na intensidade
das tempestades no Pacífico deve ter começado em meados dos anos 1990″, disse
Wang à AFP por e-mail.
“(Foi) quando indústrias, usinas de energia e
carros lançaram grandes quantidades de poluentes do ar, juntamente com uma
economia florescente em muitos países asiáticos como a China”, acrescentou.
O estudo [Asian pollution climatically
modulates mid-latitude cyclones following hierarchical modelling and
observational analysis], publicado no periódico Nature Communications, é a
mais recente pesquisa sobre os perigos ambientais dos particulados, que são,
sobretudo, resíduos de fuligem derivados da queima de combustíveis fósseis.
Segundo o estudo de Wang, os aerossóis aceleram a
formação de gotículas porque contêm um núcleo onde o vapor d’água se condensa.
As nuvens, influenciadas por aerossóis, carregam
quatro vezes mais gotículas, provocando um aumento de, aproximadamente, 7% nas
precipitações em toda a região.
Também é provável que os aerossóis encorajem a
formação de nuvens cirrus e de “bigorna”, mais brilhantes e de alta altitude.
Estas são nuvens que ajudam a aquecer a
superfície do mar, dando assim calor para alimentar os ciclones. O aquecimento
adicional pode ser de 11%.
Os cientistas criaram um modelo de computador
para simular o fluxo de poluição por aerossóis do leste da Ásia para a região
de formação dos ciclones, no leste da Ásia, em janeiro e fevereiro, uma região
situada ao norte da latitude 30º.
Eles descobriram uma relação com duas décadas de
dados de satélite: 1979-1988 – antes do ‘boom’ que a economia asiática viveu, e
2002-2011, quando o crescimento deu um salto, especialmente na China.
No período mais recente, houve um aumento claro
da intensidade de ciclones, mas nenhuma alteração na frequência ou na
localização das tempestades, disse Wang.
Em 16 de janeiro, um estudo realizado por
Chang-Hoi Ho, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, demonstrou
que China, Coreia e Japão tinham sido atingidos por ciclones mais potentes
entre 1977 e 2010, devido ao aquecimento da água no Pacífico oeste.
As duas pesquisas não são comparáveis, disse
Wang.
A primeira se concentrou em ciclones que se
formam durante o inverno em latitudes médias no noroeste do oceano e a segunda
examinou ciclones no verão e no outono, que se formam em latitudes tropicais.
Pesquisas realizadas sobre o efeito dos aerossóis
nas nuvens resultam em descobertas altamente variáveis. De fato, esta é
considerada uma das maiores áreas de incerteza da ciência climática.
Referência:
Asian pollution climatically modulates mid-latitude cyclones following hierarchical modelling and observational analysis Nature Communications 5, Article number: 3098 doi:10.1038/ncomms4098
http://www.nature.com/ncomms/2014/140121/ncomms4098/full/ncomms4098.html
Asian pollution climatically modulates mid-latitude cyclones following hierarchical modelling and observational analysis Nature Communications 5, Article number: 3098 doi:10.1038/ncomms4098
http://www.nature.com/ncomms/2014/140121/ncomms4098/full/ncomms4098.html
Fonte: EcoDebate
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